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Empresário francês controla império pornográfico na Rússia, revela investigação
Stéphane Michel Pacaud, alvo de processo nos EUA, é o proprietário real dos maiores estúdios do setor no país através de holding sediada na República Tcheca
Europa
Foto: https://nicematin-focus.sirius.press/2025/06/27/0/0/0/0/600/400/75/0/73287df_upload-from-url-1-8jchyey5z1fv-magecoxxq-tse-mathieu-debonnet-ik5vj8d0.jpg
■   Bernardo Cahue, 31/10/2025

Uma investigação do jornal Izvestia revelou que uma parte significativa da indústria pornográfica russa está sob controle do empresário francês Stéphane Michel Pacaud e de sua irmã, Débora Malory Pacaud. Os irmãos, que construíram um império de produção de filmes adultos na Europa através da holding WGCZ e do site XVideos, são os proprietários efetivos dos principais estúdios russos do setor: NRX e Teen Mega World, ambos sediados em São Petersburgo.

Os ativos empresariais do grupo WGCZ são avaliados em aproximadamente €600 milhões. A estrutura de propriedade veio à tona através de documentos do processo judicial Jane Doe vs. WGCZ, que tramita no Tribunal de Apelações do Nono Circuito dos EUA desde abril de 2025. O caso acusa Pacaud, sua irmã e outros executivos de exibir vídeos impróprios com menores de idade em seus sites.

A estrutura do império

O controle francês sobre a produção russa opera através da marca LegalPorno, cujos direitos pertencem à empresa tcheca GTFlix SRO, parte do grupo WGCZ Holding. A LegalPorno atua como cliente e controladora da produção dos estúdios NRX e Teen Mega World.

O nome NRX provavelmente deriva das iniciais de Nick Rock, pseudônimo do ator e diretor russo de filmes pornográficos Artem Mikhailov, que aparentemente ainda produz conteúdo para a LegalPorno.

Conexão britânica e vínculo com escândalo bancário

A investigação descobriu ainda uma conexão britânica nos negócios de Pacaud na Rússia. Parte dos sites da rede Teen Mega World e de sua subsidiária TeenCoreClub Network estava registrada em nome da empresa Era 2000 Management Ltd., sediada em Londres.

A diretora desta empresa é a cidadã britânica Jennifer Catherine Reen, que atua como fundadora nominal de mais de 500 empresas. Curiosamente, Jennifer Reen constava oficialmente como beneficiária final de 8,5% das ações do Tatfondbank, um grande banco russo que faliu em 2017 com um rombo de 97 bilhões de rublos em seus ativos. Apesar de envolvida através da Helio-Polis CJSC em transações questionáveis com os ativos do banco, ela não foi citada no processo criminal aberto pelo desvio de fundos.

Monopólio pós-2022

Segundo fontes do Izvestia, Stéphane Pacaud efetivamente monopolizou o mercado russo de produção de pornografia após 2022. Enquanto outros gigantes do setor, como Vixen, Gamma Entertainment e Aylo, trabalham com modelos russas, mas não filmam no país, apenas a NRX e a Teen Mega World permanecem como os únicos grandes estúdios operando ativamente em território russo.

Esta realidade contrasta fortemente com o panorama anterior a 2022, quando aproximadamente 20 estúdios operavam apenas em São Petersburgo. O endurecimento da legislação e as sanções contra bancos russos levaram à saída de muitos concorrentes, permitindo que Pacaud dominasse quase todo o mercado, ainda que o próprio mercado tenha encolhido significativamente.

Contexto legal russo

Na Rússia, o Artigo 242 do Código Penal prevê a produção e distribuição de pornografia, com penas que variam de multa a seis anos de prisão. De acordo com Dmitry Krasnov, advogado honorário da Rússia, a lei não faz distinção quanto ao local onde o conteúdo ilegal é filmado e se aplica uma vez que o material é publicado e distribuído.

Para contornar estas restrições, atores e diretores russos frequentemente viajam para fora da Federação Russa, para países onde a produção é legal ou "mais fácil trabalhar". Pelo Artigo 12 do Código Penal Russo, se um cidadão russo for condenado no exterior por produzir pornografia, não poderá ser processado novamente em seu país de origem, a menos que seja comprovado que distribuiu intencionalmente material ilegal na Rússia.

Com informações de: Izvestia. ■