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Megaoperação no Rio: especialista aponta falhas em ação policial
Antropóloga Jacqueline Muniz analisa operação em complexos do Alemão e da Penha e aponta improviso e populismo na segurança pública
Analise
Foto: https://www.estadao.com.br/resizer/v2/https%3A%2F%2Fd32dgtrnmhd45e.cloudfront.net%2F10-28-2025%2Ft_5b7dda2ebd084c0cbbe164ce19f7f6ff_name_file_960x540_1600_v4_.jpg?quality=80&auth=fcfb66d0d97de9c15b0b1306487a6932fae4637c220a69a1d511d1330150a665&width=520&height=292&smart=true
■   Bernardo Cahue, 31/10/2025

A Operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em iniciais 64 mortes (121 oficiais de acordo com o Estado, 144 de acordo com os levantamentos de ocorrências em órgãos de imprensa), foi classificada como "desastre operacional" pela antropóloga e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jacqueline Muniz.

A análise detalhada da especialista aponta 16 falhas críticas na operação considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro.

Principais Problemas Identificados

Abandono da população e exposição ao risco

A operação deixou sem policiamento cerca de cinco milhões de moradores ao imobilizar 2.500 policiais em um único perímetro, abrindo brechas para crimes oportunistas.

Aumento da letalidade e vitimização

A ação foi conduzida majoritariamente por agentes sem qualificação para operações de alto risco, ampliando as chances de mortes entre policiais e civis.

Paralisação da cidade e produção de pânico

O bloqueio territorial descoordenado gerou colapso urbano com prejuízos econômicos e sociais, produzindo medo e desorientação social.

Sabotagem do trabalho de inteligência

As 64 mortes sabotaram o trabalho das próprias polícias, pois os mortos poderiam revelar as parcerias entre Estado e crime.

Serviço prestado ao crime organizado

A especialista afirma que, paradoxalmente, ao matar os supostos criminosos, o Estado prestou um serviço ao crime organizado, eliminando mão de obra substituível enquanto os líderes permaneceram intocados.

Falhas Operacionais

  • Comprometimento da capacidade de resposta das emergências 190 e 192
  • Esgotamento do recurso repressivo policial
  • Ineficácia na manutenção do poder do Comando Vermelho
  • Planejamento politiqueiro e desrespeito a protocolos
  • Ausência de comando e coordenação integrada
  • Falta de integração entre agências estatais

Segundo a antropóloga, "nenhuma operação policial pode parar uma cidade" e a ação revela improviso e populismo na gestão da segurança pública.

Com informações de Agência Brasil, A Pública, BBC, CNN Brasil, Migalhas, O Globo, Revista Fórum. ■