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Rio de Janeiro vive dia mais violento da história
Operação estadual mobilizou 2,5 mil policiais nos complexos do Alemão e da Penha; números de mortos, presos e armas apreendidas é expressivo; ações de retaliação se espalharam pela cidade
Cidades
Foto: img/ezgif-2987673ac0e35a.gif
■   Bernardo Cahue, 28/10/2025
Atualizado em: 18:52

Uma megaoperação das forças de segurança do Rio de Janeiro, batizada de "Contenção", resultou em intensos confrontos com facções criminosas nesta terça-feira (28). A ação, que mobilizou aproximadamente 2,5 mil policiais civis e militares, teve como alvo o Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da cidade.

O governo do estado confirmou que a operação resultou em 64 mortos - sendo 60 suspeitos e quatro policiais -, 81 presos e 75 fuzis apreendidos. O Hospital Getúlio Vargas confirmou a morte de dois policiais civis e dois policiais do BOPE.

Além das baixas fatais, a operação registrou um significativo número de apreensões. Foram capturados 31 fuzis de uso exclusivo das Forças Armadas, além de outras armas e munições. A ação contou com tecnologia avançada, incluindo drones, dois helicópteros, 32 veículos blindados terrestres e 12 veículos de demolição.

Retaliações e impacto na cidade

Em resposta à ofensiva policial, integrantes do Comando Vermelho iniciaram uma série de ações de retaliação em diversas áreas da cidade. De acordo com o governador Cláudio Castro, houve relatos de criminosos tentando fechar a Avenida Brasil e outras vias importantes para desviar a atenção das operações.

Os métodos de contra-ataque incluíram técnicas inéditas, como o lançamento de bombas por meio de drones contra as equipes policiais no Complexo da Penha. Os criminosos também ergueram barricadas em chamas feitas de veículos roubados e entulho para impedir o acesso das forças de segurança às comunidades.

O Rio de Janeiro entrou em Estágio 2 de alerta às 13h48 devido às ocorrências policiais que provocaram interdições em diversas vias da cidade. A polícia permaneceu em estado de atenção máximo diante da possibilidade de novas retaliações.

Contexto e críticas da operação

A "Operação Contenção" é uma iniciativa permanente do governo estadual para combater a expansão territorial do Comando Vermelho. A ação desta terça-feira foi desencadeada após mais de um ano de investigação pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).

Durante coletiva de imprensa, o governador Cláudio Castro fez duras críticas à falta de apoio federal. "Essa operação de hoje tem muito pouco a ver com segurança pública. É uma operação de estado de defesa. É uma guerra que está passando dos limites", declarou Castro, acrescentando que o Rio "está sozinho nessa guerra".

O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, reforçou a magnitude do desafio, explicando que a operação atua em uma área de aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem urbana nos complexos do Alemão e da Penha, onde vivem cerca de 280 mil pessoas.

Alvos de alto escalão

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou 67 pessoas por associação para o tráfico, sendo que três delas também responderão por tortura. A investigação apontou que o Complexo da Penha tornou-se uma das principais bases do projeto expansionista do Comando Vermelho, especialmente voltado para a região de Jacarepaguá.

Retaliação

No início da tarde ocorreram ações de retaliação à operação policial em diversas áreas da cidade: Anchieta, Engenho Novo, Méier, Grajaú-Jacarepaguá, Freguesia, Taquara, Linha Amarela, Cidade de Deus, Chapadão, Engenho da Rainha, Complexo do Alemão e Penha registraram bloqueios com ônibus e caminhões sequestrados, além de barricadas com caçambas de lixo e ataques a pedradas contra veículos, os últimos especificamente ocorridos na Avenida Marechal Rondón e na Linha Amarela, altura da Cidade de Deus. Várias escolas, postos de saúde e Clínicas da Família foram impactados com as ações criminosas e tiveram que fechar as portas e encerrar seus trabalhos. A Linha Amarela chegou a fechar para o tráfego por quatro vezes, com impactos diretos também na Linha Vermelha.

Ações de retaliação do tráfego também foram registradas no decorrer da tarde na Avenida Brasil, nas alturas da Maré, de Bonsucesso, Benfica e Guadalupe. A Transolímpica foi impactada na altura da Taquara. Também foram registradas ações na Avenida Niemeyer, na Muzema e no Rio das Pedras. Comércios em diversos pontos da cidade suspenderam as atividades. Por volta das 15h, várias linhas de ônibus pararam de circular; a população foi obrigada a voltar a pé para casa. Os trens e o metrô foram sobrecarregados pela rotina atípica imposta pelas ações criminosas.

Com informações de: Correio do Povo, Expresso, Sidney Silva, Terra, Política Livre, O Globo. ■