Siga nossas redes sociais
Logo     
Siga nossos canais
   
EUA e Japão firmam acordo estratégico para garantir fornecimento de minerais críticos
Acordo visado por Trump busca amenizar a atual crise de escassez de minerais norte-americana, que paralisou indústrias como a bélica e a automotiva
Leste Asiatico
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRS2Na-cR2mgtf7d0LpgZIwfmPicQWLCtvj9Q&s
■   Bernardo Cahue, 28/10/2025

Em meio a tensões comerciais com a China, Estados Unidos e Japão assinaram um acordo de cooperação para assegurar o abastecimento de minerais críticos e terras raras, elementos essenciais para a indústria de tecnologia e defesa.

O acordo foi formalizado em Tóquio pela primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, e pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O pacto tem como pano de fundo as recentes restrições à exportação impostas pela China, que praticamente monopoliza o processamento e a venda desses materiais.

O principal objetivo declarado da parceria é “ajudar ambos os países a alcançarem a resiliência e a segurança das cadeias de suprimentos”. Para isso, as duas nações vão:

  • Identificar conjuntamente projetos de interesse comum para colmatar lacunas nas cadeias de abastecimento.
  • Mobilizar recursos público-privados, que incluem subvenções, garantias, empréstimos e acordos de compra e venda.
  • Estabelecer um prazo de seis meses para começar a fornecer apoio financeiro a projetos selecionados.

O escopo do acordo não se limita ao processamento de matérias-primas, mas estende-se a produtos derivados, como :

  • Ímãs permanentes
  • Baterias
  • Catalisadores
  • Materiais óticos

Esta iniciativa representa um esforço coordenado para construir cadeias de abastecimento “novas e seguras”, reduzindo a dependência de um único fornecedor e garantindo o fornecimento estável de insumos vitais para a economia moderna.

Escassez de minerais críticos paralisou indústria norte-americana

A indústria dos Estados Unidos enfrenta uma crise de abastecimento de minerais de terras rarasdois meses de produção, levando à paralisação de linhas de montagem de automóveis e à preocupações no setor de defesa. A dependência norte-americana das exportações chinesas, somada a tensões geopolíticas e interrupções na cadeia global de suprimentos, criou um cenário crítico para setores vitais da economia.

O setor automotivo é um dos mais impactados. De acordo com o Federal Reserve Bank de Chicago, a produção de veículos leves sofreu uma queda, com várias montadoras relatando interrupções na cadeia de suprimentos de terras raras pesadas. Empresas renomadas, como Jeep e Ford, foram forçadas a paralisar temporariamente a produção em estados como Michigan e Kentucky, afetando milhares de empregos. Os elementos de terras raras são componentes essenciais para a fabricação de conversores catalíticos e dos ímãs permanentes usados em motores de veículos elétricos, tornando a escassez um desafio inédito e de difícil gerenciamento para os fabricantes.

Na área de defesa, a situação também é grave. Os metais raros, capazes de suportar altas temperaturas, são insumos críticos para a produção de sistemas de orientação de mísseis, caças e lasers de artilharia. O Pentágono estaria pressionando fornecedores a dobrarem ou quadruplicarem seus estoques de armas consideradas críticas para um hipotético conflito, em um esforço para expandir o poderio militar diante da escassez. A dependência de fornecedores estrangeiros para componentes essenciais expôs uma vulnerabilidade estratégica para o país.

Esta crise tem raízes na dependência externa e em questões geopolíticas. A China detém um domínio significativo sobre a indústria global de terras raras, sendo um dos poucos países com maquinário para a extração e refino desses minerais. Em abril, a imposição de condicionantes mais rígidos para exportações pela China freou as remessas para o resto do mundo, afetando diretamente os Estados Unidos. Como resposta, o governo Trump tem adotado medidas agressivas, incluindo a ameaça de tarifas de 100% sobre controles de exportação chineses de terras raras e o investimento em empresas domésticas do setor.

Em meio a esse cenário, o Brasil, que detém a segunda maior reserva de terras raras do planeta, surge como um ator geopolítico relevante. O governo dos EUA já demonstrou interesse em fechar acordos com o Brasil para aquisição desses minerais estratégicos, embora o presidente Lula tenha reafirmado a soberania nacional sobre tais recursos. A exploração de terras raras no Brasil ainda é incipiente, com apenas uma mineradora em operação comercial, refletindo os desafios que o país precisa superar para se tornar um fornecedor global.

Com informações de CNN Brasil, Opportimes, TIKR, Gazeta do Povo, RTP, CartaCapital