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Senador Flávio Bolsonaro sugere que EUA ataquem barcos no Rio de Janeiro
Declaração feita em rede social gerou polêmica ao insinuar ação militar estrangeira para combater o narcotráfico na Baía de Guanabara
Politica
Foto: https://www.estadao.com.br/resizer/v2/5X3KEOUZURGQBAMXF7EV2XM2VE.jpg?quality=80&auth=6337560f2dd12608c2c2c6126a80896557497e38b46739b0f3e5afa2079149c4&width=380
■   Bernardo Cahue, 24/10/2025

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) provocou uma forte repercussão política ao sugerir publicamente que os Estados Unidos realizem operações militares no litoral do Rio de Janeiro, similares aos ataques que vêm sendo conduzidos pelo governo norte-americano no Caribe e no Pacífico.

A Declaração Polêmica

A polêmica começou na quinta-feira (23 de outubro de 2025), quando o senador respondeu a uma publicação do secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, que exibia um vídeo de um ataque a uma embarcação. Na rede social X (antigo Twitter), Flávio Bolsonaro escreveu, em inglês:

"Que inveja! Ouvi dizer que há barcos como este aqui no Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara, inundando o Brasil com drogas. Você não gostaria de passar alguns meses aqui nos ajudando a combater essas organizações terroristas?"

O Contexto Internacional: Os Ataques dos EUA

A declaração do senador faz referência a uma série de operações militares realizadas pelos Estados Unidos. Sob a autorização do presidente Donald Trump, as forças norte-americanas têm conduzido ataques letais contra embarcações que identificam como pertencentes a organizações "narcoterroristas".

De acordo com os relatos, os EUA já reivindicaram a autoria de nove desses ataques nas últimas semanas, resultando em um total de pelo menos 37 mortes. Em um comunicado sobre o mais recente ataque no Pacífico, o secretário Hegseth afirmou que três "narcoterroristas" foram mortos a bordo de uma embarcação que navegava em uma rota conhecida de tráfico.

Reações e Críticas Imediatas

A sugestão do parlamentar foi amplamente criticada nas redes sociais e por analistas políticos. Os principais pontos de contestação foram:

  • Violação da Soberania: A ideia de uma potência estrangeira realizar ataques militares em território brasileiro é vista como uma grave afronta à soberania nacional.
  • Incompatibilidade com o Cargo: Como presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado, ele foi questionado sobre o que tem feito efetivamente para combater o problema.
  • Falta de Comprovação: Assim como nos ataques no Caribe, o governo dos EUA não apresentou provas públicas de que as embarcações destruídas transportavam drogas ou que seus ocupantes eram terroristas.

A Crise Regional e a Posição de Outros Líderes

Os ataques dos EUA na região não são um assunto isolado e já causaram tensões diplomáticas significativas. Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Colômbia, Gustavo Petro, denunciam essas operações como execuções extrajudiciais e tentativas de desestabilizar a região.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, foi além e afirmou que os recentes insultos do presidente Trump e os ataques a embarcações visam "afetar as eleições colombianas" de 2026. Especialistas em direito internacional já haviam questionado a legalidade de ações similares, argumentando que podem violar o direito marítimo e os direitos humanos.

O Alinhamento Político da Família Bolsonaro

A declaração de Flávio Bolsonaro reforça o estreito alinhamento ideológico da família com o governo de Donald Trump. Seu irmão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que atualmente reside nos EUA, já havia declarado anteriormente que os Estados Unidos poderiam "enviar caças F-35 e navios de guerra ao Brasil" para defender a democracia, em referência aos conflitos políticos entre o clã Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF).

O lobby de Eduardo Bolsonaro em Washington já resultou em tarifas punitivas de 50% sobre produtos brasileiros e em sanções contra ministros do STF, medidas que, segundo o ex-presidente Trump, foram motivadas pelas ações da corte contra Jair Bolsonaro.

O episódio coloca em evidência não apenas o debate sobre segurança pública e narcotráfico, mas também as complexas relações internacionais e o princípio da autodeterminação dos povos, previsto na Constituição brasileira.

Com informações de: CBN, IHU, G1, O Globo, O Tempo, O Cafezinho, UOL, Poder360. ■