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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu publicamente nesta quinta-feira (15) ter autorizado a Agência Central de Inteligência (CIA) a conduzir operações secretas dentro da Venezuela. A declaração, feita no Salão Oval ao lado do diretor do FBI e da procuradora-geral, marca um passo significativo na escalada de pressão contra o governo de Nicolás Maduro. Trump também afirmou que seu governo "estuda realizar ataques terrestres" contra cartéis de drogas venezuelanos, justificando a medida pelo envio de drogas e criminosos para os EUA a partir do país vizinho.
A autorização, revelada inicialmente pelo The New York Times, permitiria à CIA realizar operações na Venezuela de forma unilateral ou como parte de qualquer atividade militar mais ampla dos EUA. Questionado se os agentes teriam autoridade para eliminar o presidente venezuelano, Trump evitou responder, classificando a pergunta como "ridícula", mas ressaltou que "a Venezuela está sentendo a pressão". Em resposta, Maduro condenou os "golpes de Estado orquestrados pela CIA" e mobilizou forças militares e milicianas, afirmando que o país não quer uma guerra, mas está pronto para se defender.
A tensão na região não é nova, mas se intensificou rapidamente nos últimos meses:
Especialistas consultados pela imprensa apontam que o aparato militar enviado é incompatível com uma simples operação antidrogas. "Se você olhar o tipo de equipamento enviado para a Venezuela, não é um equipamento de prevenção ou de ação contra o tráfico, ou contra cartéis", avalia Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, nos EUA.
A autorização para operações da CIA na Venezuela evoca um longo histórico de intervenções americanas em assuntos internos de países latino-americanos, notadamente durante a Guerra Fria, com o objetivo de depor governos de esquerda e instalar regimes alinhados a Washington.
Em casos mais recentes, como o da Bolívia em 2019, a renúncia de Evo Morales também foi considerada por analistas e governos regionais como um golpe de Estado respaldado pelos EUA e pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
A estratégia atual contra Maduro apresenta elementos familiares, mas também novas nuances. A alegação de combate ao narcotráfico e o enquadramento do governo venezuelano como uma "organização criminosa" criam uma justificativa de segurança nacional para ações ofensivas, assim como o combate ao comunismo serviu de pano de fundo durante a Guerra Fria.
No entanto, a publicidade da autorização à CIA é considerada "invulgar" por especialistas. Tradicionalmente, tais operações são clandestinas. A admissão pública pode ser uma tática de coerção, uma "diplomacia de caçonete do século XXI", destinada a forçar uma transição de poder sem uma invasão em grande escala.
A comunidade internacional reage com preocupação. Especialistas da ONU classificaram os ataques a barcos como "execuções extrajudiciais ilegais". Enquanto isso, a Venezuela busca apoio na CELAC e leva sua denúncia ao Conselho de Segurança da ONU, alertando para "consequências políticas perigosas" de uma escalada militar.
O fantasma de conflitos passados paira sobre o Caribe. Maduro, em seu discurso, citou explicitamente as "guerras eternas fracassadas no Afeganistão, Iraque e Líbia" como o futuro que deseja evitar. Resta saber se a pressão máxima dos EUA conseguirá seu objetivo de mudança de regime ou se precipitará a região em mais um capítulo trágico de sua história.
Com informações de G1, RTP, Fox News, VEJA, BBC. ■