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Peru declara estado de emergência em Lima após protestos violentos
Medida anunciada pelo governo interino de José Jerí permite a restrição de direitos como a liberdade de reunião e o uso das Forças Armadas no patrulhamento
America do Sul
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■   Bernardo Cahue, 14/10/2025

O governo do Peru vai declarar estado de emergência na região metropolitana de Lima e na cidade portuária de Callao como resposta aos violentos protestos antigovernamentais que deixaram um morto e mais de uma centena de feridos na última semana. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro Ernesto Álvarez na quinta-feira (16), representando a primeira grande medida do presidente interino, José Jerí, que assumiu o cargo após a destituição de Dina Boluarte pelo Congresso.

O anúncio ocorre em um contexto de profunda crise política e de segurança no país. Nos últimos dez anos, o Peru teve oito presidentes, e a instabilidade se agravou com a recente onda de protestos liderados pela Geração Z – jovens entre 18 e 30 anos – e por sindicatos de transportes, insatisfeitos com a violência urbana, a corrupção e a classe política em geral.

O estopim para a decretação do estado de emergência foram os conflitos de quarta-feira (15), que resultaram na morte do rapper Eduardo Ruiz Sáenz, de 32 anos, conhecido como "Trvko", atingido por um tiro de um policial. O comandante-geral da polícia, Óscar Arriola, informou que o agente responsável pelo disparo agiu por conta própria, foi detido e será afastado da corporação. Os confrontos deixaram ainda 113 feridos, sendo 84 policiais e 29 civis, segundo o balanço oficial.

Segundo o primeiro-ministro, a declaração de emergência "não pode ser simplesmente uma declaração etérea" e deve ser acompanhada de um pacote de medidas concretas. Sob o estado de emergência, o governo tem a prerrogativa de:

  • Mobilizar os militares para o patrulhamento das ruas ;
  • Restringir direitos fundamentais, como a liberdade de reunião ;
  • Estudar a implementação de um toque de recolher, medida que, segundo Álvarez, "não foi descartada, considerando que a criminalidade não respeita a noite".

A crise atual é um capítulo recente de uma instabilidade política crônica no Peru. A então presidente Dina Boluarte foi destituída pelo Congresso em 10 de outubro, sob a acusação de "incapacidade moral permanente", impulsionada pela sua gestão considerada ineficaz no combate à criminalidade e por uma série de escândalos de corrupção. Sua aprovação popular estava em apenas 3% antes de sua saída.

O novo presidente interino, José Jerí, de 38 anos, já é alvo dos protestos. Questionado sobre a pressão para renunciar, foi taxativo: "Não vou renunciar, vou continuar com a responsabilidade". Jerí também anunciou que pedirá ao Congresso "faculdades legislativas" para legislar sobre segurança cidadã, com foco em uma reforma do sistema penitenciário, de onde gangues comandariam esquemas de extorsão.

Com informações de: G1, O Globo, Veja, Agencia Brasil, BBC, Infobae, Correo, Democrata, Ciper Chile. ■