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STF inicia julgamento do "Núcleo da Desinformação" em caso de tentativa de golpe
Primeira Turma analisa denúncia contra sete réus por suposta atuação em operações estratégicas de fake news para minar a confiança no processo eleitoral
Politica
Foto: https://www.otempo.com.br/content/dam/otempo/editorias/pol%C3%ADtica%20judici%C3%A1rio/2025/10/13/pol%C3%ADtica%20judici%C3%A1rio-stf-desinformacao-golpe-1760363433.jpg
■   Bernardo Cahue, 14/10/2025

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) deu início nesta terça-feira (14 de outubro de 2025) ao julgamento do chamado "núcleo 4" da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado de 2022. O grupo, formado majoritariamente por militares e um agente da Polícia Federal, é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de ter sido o responsável por orquestrar uma campanha de desinformação para criar instabilidade social e abrir caminho para uma ruptura institucional.

O julgamento ocorre pouco mais de um mês após a histórica condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por sua liderança no núcleo central da mesma trama golpista, evidenciando a continuidade do processo de responsabilização no Supremo.

Os Acusados e a Estrutura da Acusação

Segundo a denúncia, os sete réus integraram uma milícia digital que atuou de forma coordenada para:

  • Disseminar notícias falsas sobre o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas.
  • Atacar instituições democráticas e autoridades do Judiciário perante a população.
  • Utilizar estruturas da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para monitorar opositores e impulsionar narrativas falsas.
  • Exercer pressão sobre comandantes militares para que aderissem ao plano de ruptura.

Os réus que respondem perante o STF são :

  • Ailton Gonçalves Moraes Barros - ex-major do Exército
  • Ângelo Martins Denicoli - major da reserva do Exército
  • Carlos César Moretzsohn Rocha - engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal
  • Giancarlo Gomes Rodrigues - subtenente do Exército
  • Guilherme Marques de Almeida - tenente-coronel do Exército
  • Marcelo Araújo Bormevet - agente da PF e ex-membro da Abin
  • Reginaldo Vieira de Abreu - coronel da reserva do Exército

O Rito do Julgamento e seus Significados

O julgamento está previsto para ocorrer em quatro sessões, nos dias 14, 15, 21 e 22 de outubro, e segue um rito processual definido. Nesta terça-feira, após a leitura do relatório pelo ministro-relator Alexandre de Moraes, ocorrerão as sustentações orais da acusação, comandada pelo procurador-geral Paulo Gonet Branco, e das defesas dos acusados. A fase de votos dos cinco ministros da Primeira Turma deve começar apenas na semana que vem.

Este é o primeiro julgamento presidido pelo ministro Flávio Dino à frente do colegiado, que assumiu o cargo no início deste mês seguindo a regra de rotatividade da Corte. A decisão final sobre a condenação ou absolvição será tomada por maioria simples, exigindo pelo menos três votos.

Um Julgamento no Contexto da Resposta Democrática

Críticos de movimentos autoritários enxergam neste julgamento um novo teste à resistência das instituições brasileiras. A análise do "núcleo da desinformação" vai além da punição de indivíduos por crimes específicos; ela confronta diretamente os mecanismos modernos de desestabilização política, que usam a manipulação informacional como ferramenta central para corroer a legitimidade de processos eleitorais e autoridades constitucionais.

O caso evidencia a judicialização de uma resposta de Estado a uma tentativa de golpe, colocando o STF no papel de principal ator na responsabilização. Se, por um lado, essa posição centralizadora gera debates sobre os limites entre os Poderes, por outro, sinaliza que ações destinadas a subverter a ordem democrática por meio de mentiras orquestradas terão consequências jurídicas sérias.

Com informações de: CNN Brasil, G1, O Tempo, Radio Minuano, SindSep-PE. ■