Esta semana, Brasília foi palco de um espetáculo tristemente cômico, onde a palavra de ordem era o fracasso. De um lado, políticos tentando inflar um balão de anistia com o fôlego de poucos. Do outro, um público que parece estar esquecendo de sua luta, como um guerreiro com Alzheimer. O "Fracassômetro" nunca esteve tão animado perto do que prometia a divulgação dos atos.

O Ato que Virou "Atinho"

Na terça-feira (7), a oposição bolsonarista convocou o que prometia ser uma caminhada histórica em Brasília para pressionar pela anistia aos condenados dos ataques de 8 de janeiro. O plano era simples: milhares de pessoas, bandeiras ao vento e uma imagem poderosa de força para os parlamentares.

A realidade, porém, foi bem menos generosa. O ato reuniu um público que beirou a intimidade, com estimativas precisando de contagem um a um por drone para chegar a 2.080 pessoas – número que o locutor do evento tentou heroicamente classificar como irrelevante. Imagens aéreas mostravam bem a decepção de quem dependia do sucesso: ambulantes que tentavam vender suas bandeiras a uma quadra abaixo estavam cabisbaixos, com suas bancas cheias. Para completar o cenário de desventura, a bandeira do Brasil foi posta no final do grupo, enquanto as dos Estados Unidos seguiam como co-protagonistas, numa estética que já virou marca registrada.

Nas redes, os desdobramentos do ato foram comparados com o que na parte técnica de vídeo é chamado de close cam, uma estratégia pertinente dos meios de comunicação, muito utilizada principalmente em jogos de futebol nos estádios, justamente para diminuir o constrangimento de uma torcida em menor número.

O esvaziamento não foi apenas nas ruas. A estratégia política da anistia ampla naufragou junto com a PEC da Blindagem, e o relator do projeto, Paulinho da Força, já sinalizou que deve oferecer apenas um pênalti de redução de penas, e não o gol de placa do perdão total que a cúpula do PL almejava.

O Veredito do "Fracassômetro"

Afinal, quem fracassou mais - a anistia ou o bolsonarismo? É uma disputa acirrada, mas o placar final parece inclinar para um lado. A "Minifestação" fracassou de forma aguda e constrangedora. Foi um fiasco pontual, uma tentativa de mostrar força que resultou em uma evidência inconteste de isolamento político e popular.

O fracasso do bolsonarismo como ideologia é mais profundo e doloroso, enquanto o da manifestação foi mais rápido e vergonhoso. Bolsonaro e seus apoiadores perderam sua identidade; a oposição, seu público. Em ambos os casos, a melhor estratégia foi mesmo ir para casa mais cedo.

Com informações de: BN Amazonas, Gazeta do Povo, ICL Notícias, O Globo, Poder360, The Playoffs, UOL. ■