O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou nesta terça-feira (7) a criação de um comitê para enfrentar os casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas no país . A iniciativa tem como objetivo promover uma resposta rápida e articulada para conter os casos, fortalecer o setor produtivo e integrar informações entre o governo e a iniciativa privada .

O Comitê de Enfrentamento da Crise do Metanol será coordenado pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e funcionará, inicialmente, de forma informal, com reuniões virtuais para permitir trocas ágeis de informações.

Em coletiva de imprensa, o ministro Lewandowski enfatizou a necessidade de cooperação. “O governo tem a convicção de que, dada a magnitude do problema, a solução não pode ser alcançada, com a velocidade necessária, apenas pelo setor público. É indispensável a colaboração do setor privado”. Ele acrescentou que “precisamos separar o joio do trigo”, destacando a intenção de preservar os comerciantes que atuam dentro da legalidade e atacar apenas os que adulteram as bebidas intencionalmente.

Três pilares de atuação

O comitê terá três eixos principais de atuação :

• Troca de informações e boas práticas entre governo e setor privado;
• Divulgação coordenada das medidas adotadas pelos órgãos públicos;
• Registro e acompanhamento das iniciativas desenvolvidas pelas empresas e associações.

Investigações e números da crise

O secretário nacional do Consumidor, Paulo Pereira, detalhou que o trabalho de inteligência identificou e notificou cerca de 30 estabelecimentos e 25 distribuidoras, associações e entidades do setor para prestar informações. Vários estabelecimentos já foram fechados por fiscalizações locais.

Segundo o Ministério da Saúde, os números da crise até o início de outubro eram :

• 225 notificações de intoxicação por metanol;
• 16 casos confirmados;
• 209 casos em investigação;
• 15 mortes registradas, sendo duas confirmadas e treze em apuração.

Origem do metanol e envolvimento do crime

A secretária Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos, Marta Machado, informou que a Polícia Federal está realizando a perícia isotópica para identificar a origem do metanol encontrado nas bebidas. As investigações apuram se a substância tem origem vegetal (da própria produção) ou se é metanol fóssil, usado em combustíveis e solventes.

Questionado sobre o possível envolvimento de organizações criminosas, Lewandowski afirmou que todas as hipóteses estão sendo investigadas. “Se o metanol tiver origem em produtos fósseis e tiver relação com a megaoperação envolvendo combustíveis do crime organizado, obviamente é possível que haja conexão”.

Alerta sobre os sintomas

A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. Os principais sintomas são visão turva ou perda de visão, náuseas, vômitos, dores abdominais e sudorese. A orientação das autoridades de saúde é para que, ao identificar qualquer um desses sintomas, a pessoa procure imediatamente os serviços de emergência.

Com informações de: Agência Brasil, CNN Brasil, G1, Gov.br, RDPres, Terra. ■