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Um relatório do Fórum Econômico Mundial apontou a desinformação e a polarização social como os riscos globais mais graves de curto prazo, com o conflito entre Estados como a preocupação imediata para 2025. Esse cenário de fragmentação não é uma abstração; ele encontra um reflexo vívido e alarmante no Reino Unido, onde uma sequência de eventos dramáticos expõe as feridas abertas de uma sociedade em crise de tolerância.
Em julho, o governo britânico decidiu proibir o grupo Palestine Action usando a legislação antiterrorista, uma medida que foi classificada como desproporcional por especialistas da ONU e grupos de direitos humanos. A decisão transformou atos de apoio ao grupo em crime, levando a polícia a deter quase 900 pessoas em um único fim de semana de setembro durante protestos pacíficos. Muitos dos detidos eram idosos, que carregavam cartazes com frases como "Sou contra o genocídio. Apoio o Palestine Action". Para os críticos, a proibição representa uma perigosa erosão do direito à liberdade de expressão e de reunião.
No início de outubro, a violência extremista mostrou sua face mais cruel. No dia de Yom Kipur, o mais sagrado do calendário judaico, um homem atropelou e esfaqueou pessoas em frente a uma sinagoga em Manchester, resultando em duas mortes e vários feridos graves. A polícia tratou o incidente como um atentado terrorista. O primeiro-ministro Keir Starmer declarou, de forma contundente, que o atacante alvejou "judeus por serem judeus". O ataque ocorreu em um contexto de alarmante crescimento do antissemitismo no Reino Unido, que registrou milhares de incidentes nos últimos anos.
Em contraponto a essa onda de intolerância, a sociedade civil britânica também demonstrou sua capacidade de resistência. Em agosto, quando ameaças de violência contra imigrantes e muçulmanos se espalharam, milhares de britânicos saíram às ruas para defendê-los. Formando um escudo humano em torno de centros de acolhimento e mesquitas, cidadãos comuns enviaram uma mensagem poderosa de que o racismo e a xenofobia não seriam tolerados. Esses protestos pacíficos foram, na prática, um contraponto à polarização, mostrando que a união ainda é possível.
Os episódios no Reino Unido formam um microcosmo de forças globais em choque:
Conforme alerta o Fórum Econômico Mundial, a polarização social não é apenas um risco periférico, mas uma ameaça central que enfraquece a confiança e diminui nosso senso coletivo de valores compartilhados. O caminho a seguir exige mais do que medidas de segurança; exige um reinvestimento no diálogo e um compromisso inabalável com os direitos humanos, antes que as fraturas de hoje se tornem os abismos intransponíveis de amanhã.
Com informações de CNN Brasil, Brasil de Fato, G1, BBC, Gazeta do Povo, DW e IBGC.
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