Siga nossas redes sociais
Logo     
Siga nossos canais
   
Governo prefere telefone e evita "novo circo na Casa Branca" para encontro de Lula com Trump
Assessores do Planalto trabalham com cautela para um primeiro contato à distância; encontro presencial, se confirmado, deve ocorrer em um terceiro país, como Itália ou Malásia
Politica
Foto: https://media.gazetadopovo.com.br/2025/04/08121616/lula-trump-protecionismo.jpg
■   Bernardo Cahue, 28/09/2025

O possível encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump deve seguir um roteiro de cautela desenhado pelo governo brasileiro. Após o anúncio feito pelo líder americano na Assembleia Geral da ONU, a estratégia da assessoria de Lula é priorizar um contato inicial por telefone ou videoconferência para, só depois, avaliar uma reunião presencial, que provavelmente aconteceria em um terceiro país.

Integrantes do Palácio do Planalto e do Itamaraty avaliam que essa abordagem é mais prática e prudente. O cuidado, no entanto, vai além da praticidade. Aliados do presidente petista temem que Trump use um eventual diálogo para pressionar e constranger Lula, repetindo o cenário de "humilhação" que já impôs a outros líderes na Casa Branca. A intenção é evitar a todo custo que o presidente brasileiro seja exposto a um "novo circo na Casa Branca".

O caminho para a conversa

Até o momento, não há data, formato ou local definidos para a conversa entre os dois mandatários. Apesar de Trump ter dito na ONU que acertou um contato para a "próxima semana", o governo brasileiro ainda negocia os termos. Os principais pontos do plano em discussão são:

  • Primeiro contato remoto: Uma ligação telefônica ou vídeochamada, possivelmente ainda nesta semana ou na próxima, com caráter reservado.
  • Encontro presencial em terreno neutro: Dificilmente Lula voltaria aos EUA ou Trump viria ao Brasil. As opções em análise são a Itália ou a Malásia, países que ambos os presidentes devem visitar em outubro para eventos internacionais.

A "química" e os interesses

O anúncio de um futuro encontro surgiu de uma breve interação entre Lula e Trump nos bastidores da ONU, na terça-feira (23). O americano afirmou que houve uma boa "química" entre eles, impressão compartilhada por Lula, que declarou: "Aquilo que parecia impossível, deixou de ser impossível e aconteceu".

O presidente brasileiro já sinalizou abertura para o diálogo, mas fez uma ressalva importante: "O que não é discutível é a soberania brasileira e a nossa democracia". O principal tema na mesa de negociações será o tarifaço de 50% imposto pelos EUA a produtos brasileiros. Lula espera que, com informações corretas sobre a balança comercial – que é superavitária para os Estados Unidos –, Trump possa reconsiderar sua posição.

A articulação nos bastidores

A aproximação não foi um acaso, mas resultado de um trabalho diplomático discreto. Nos últimos meses, houveram pelo menos três conversas entre os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira e Marco Rubio, possibilitando uma abertura para o diálogo. Vale ressaltar que, mesmo dentro de um ambiente de crise institucional e guerra de palavras entre os dois países por pelo menos dois meses culminando da Assembleia Geral da ONU, a postura de Trump demonstrou certa cautela e parcimônia ao desconsiderar quaisquer críticas finais ao judiciário brasileiro, além de mudar sua postura em relação à Israel – com sua posição firme na oposição à ocupação da Cisjordânia.

Com informações de: BBC, Folha, G1, Gov.br Planalto, Poder360, Rádio Pampa. ■