Siga nossas redes sociais
Logo     
Siga nossos canais
   
Professores no Japão formam rede de voyeurismo infantil, expondo conflito entre punição e cultura
Grupo trocava imagens de alunas; caso reacende debate sobre hierarquia e proteção de menores em ambiente escolar, enquanto autoridades ampliam investigações
Leste Asiatico
Foto: https://ichef.bbci.co.uk/ace/ws/640/cpsprodpb/14B5B/production/_104172848_c9ef77b4-9ad4-4310-b773-948b300de035.jpg.webp
■   Bernardo Cahue, 25/09/2025

A polícia japonesa revelou a existência de um grupo de professores envolvido na troca de material ilegal de voyeurismo infantil, gerando indignação nacional e expondo a difícil batalha contra abusos em um contexto de rígidas hierarquias sociais. Cerca de dez educadores, incluindo Fumiya Kosemura, de 37 anos, ex-docente de Yokohama, participavam do esquema que compartilhava imagens e vídeos de alunas, a maioria capturados durante o horário de trabalho.

Em resposta, as autoridades ordenaram verificações emergenciais em 500 escolas na cidade de Yokohama. Já em Nagoya, onde outro professor foi preso por assediar uma adolescente em uma estação, será montada uma comissão independente para investigar milhares de funcionários. As medidas punitivas, no entanto, esbarram em uma cultura persistente que dificulta a denúncia e a proteção efetiva das vítimas.

Ação policial e estratégias de prevenção

Para combater crimes de invasão de privacidade, a polícia da prefeitura de Kyoto adotou uma abordagem proativa usando anúncios direcionados em plataformas como o YouTube. As mensagens, veiculadas para usuários com histórico de pesquisa por termos como "câmera pequena", alertam: "Voyeurismo é um crime. Alguém está assistindo! A punição será severa".

A eficácia da medida é debatida, e as próprias ferramentas digitais usadas na investigação levantam questões sobre privacidade. Internautas expressaram preocupação com a vigilância baseada no histórico de pesquisa, mesmo que o objetivo seja combater quem viola a privacidade alheia.

O abismo cultural e jurídico para as vítimas

A persistência de tais casos está profundamente ligada a dinâmicas sociais e lacunas legais:

  • Hierarquias rígidas: Especialistas apontam que, no Japão, "há uma cultura em que todos devemos tentar nos dar bem. Portanto, se você for convidado para fazer sexo, pode ser difícil dizer não", especialmente para subordinadas diante de superiores.
  • Leis ultrapassadas: A legislação japonesa sobre agressão sexual não menciona o conceito de consentimento, exigindo, em vez disso, que haja "uma grande ameaça e que a vítima tenha de revidar". Isso deixa desprotegidas pessoas coagidas psicologicamente.
  • Revitimização judicial: Casos judiciais ilustram como as vítimas podem ser penalizadas. Uma ex-aluna que processou seu professor por assédio sexual após um relacionamento de uma década viu-se, depois, processada pela esposa dele por adultério, sendo condenada a pagar indenização.

O caso do grupo de professores revela um desafio complexo. Enquanto as ações policiais avançam, a proteção de crianças e adolescentes no Japão depende da superação de barreiras culturais profundas e da modernização de um sistema jurídico que frequentemente falha em compreender as nuances do assédio e do abuso de poder.

Com informações de: Facebook/Geek Central BR, Coisas do Japão, Noticias R7. ■