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A abertura do Debate Geral da 80ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (23), foi antecipada pela mÃdia sob um único e grande suspense: o primeiro embate presencial entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. A narrativa de um confronto espetacular entre dois mundos — o multilateralismo progressista contra o isolacionismo conservador — mostrou-se um roteiro tentador para a cobertura jornalÃstica. No entanto, essa lógica de espetacularização corre o risco de simplificar uma crise complexa e ofuscar os pontos fundamentais dos discursos que ambos os lÃderes proferiram no principal fórum mundial.
O cenário estava armado para o drama. Por tradição, o Brasil é o primeiro paÃs a discursar, seguido imediatamente pelos Estados Unidos, nação-sede da ONU. A sequência ininterrupta dos discursos de Lula e Trump criou a expectativa natural de que um assistiria ao outro, e de que um cruzamento nos corredores seria inevitável. Fontes da comitiva brasileira, no entanto, relataram à imprensa que não havia qualquer esforço diplomático para um encontro, principalmente após o anúncio de novas sanções americanas contra autoridades brasileiras na segunda-feira (22). A aposta de alguns assessores era até mesmo pelo atraso habitual de Trump em seus compromissos, um detalhe comportamental que alimentava a narrativa de atrito.
Mais do que uma réplica a Trump, o discurso do presidente brasileiro foi a defesa de uma agenda positiva e global. Confira os eixos centrais da fala de Lula :
A ânsia por um encontro fÃsico entre Lula e Trump, ainda que informal, revela uma dinâmica perversa da cobertura noticiosa contemporânea. A imagem simbólica do cumprimento ou do desdém frequentemente ganha mais destaque do que a análise aprofundada dos conteúdos programáticos em jogo. Essa abordagem espetacularizada tende a:
Por fim, a cobertura do evento na ONU evidencia um jornalismo tensionado entre a necessidade de informar sobre questões de extrema relevância — como guerras, clima e comércio global — e a sedução por um confronto personalizado que gera engajamento imediato. A verdadeira disputa, no entanto, não se resume a Lula e Trump. É o embate entre duas visões de mundo inconciliáveis sobre o papel dos Estados e o futuro da cooperação internacional. Focar excessivamente no primeiro aspecto é perder de vista a dimensão histórica do segundo.
Com informações de: BBC, CNN Brasil, CNN Español, G1, Poder360, UOL.■