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"Bolsonaro colocou todo mundo nessa confusão", dizem aliados
Em meio à tensão pós-condenação, família bolsonarista e ex-ajudante de ordens trocam acusações públicas, revelando rachas no núcleo próximo ao ex-presidente
Politica
Foto: https://assets.brasildefato.com.br/2024/09/image_processing20230330-1314-1v8t6fx.jpeg
■   Bernardo Cahue, 12/09/2025

A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por crimes de tentativa de golpe de Estado gerou uma guerra narrativa dentro de seu círculo de aliados. Carlos Bolsonaro, vereador do Rio e filho do ex-presidente, publicamente culpou o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Em sua rede social X, Carlos escreveu: "Parabéns pelo que fez na história brasileira, Mauro Cid!" – uma mensagem fixada em seu perfil e interpretada como ironia sarcástica .

A acusação de Carlos refere-se ao acordo de delação premiada firmado por Cid com a Polícia Federal, que colaborou com as investigações sobre a trama golpista. O militar foi condenado à pena mais branda de 2 anos em regime aberto, enquanto Bolsonaro e outros réus receberam penas superiores a 20 anos . Na delação, Cid detalhou reuniões, planos e documentos que incriminaram o ex-presidente, fornecendo provas usadas pelo ministro Alexandre de Moraes no julgamento .

A resposta dos aliados de Mauro Cid

Em contraposição às críticas de Carlos, aliados do tenente-coronel rebateram as acusações e inverteram a responsabilidade para o próprio ex-presidente. Segundo fontes próximas a Cid, "quem colocou todo mundo nessa confusão foi Bolsonaro" . Eles destacaram que o militar relutou em aceitar a delação premiada devido à admiração que ainda nutre por Bolsonaro, mas optou pela colaboração após pressões legais. Além disso, ressaltaram que a delação foi usada pelo ministro Luiz Fux para inocentar Bolsonaro em alguns aspectos .

O contexto da condenação e divisão familiar

A condenação de Bolsonaro ocorreu em 11 de setembro de 2025, pela Primeira Turma do STF, por crimes como organização criminosa armada, golpe de Estado e dano ao patrimônio público . O ex-presidente já cumpria prisão domiciliar desde agosto, com relatos de deterioração de sua saúde, incluindo crises de vômito, soluço e falta de apetite .

A família bolsonarista também demonstrou divisões internas. Durante o julgamento, Carlos Bolsonaro postou mensagens de apoio ao pai – "Seguimos juntos, firmes e convictos" –, enquanto Michelle Bolsonaro, mulher do ex-presidente, optou por acompanhar a sessão na sede do Partido Liberal (PL), distanciando-se simbolicamente do marido . Eduardo Bolsonaro, outro filho, tem articulado internacionalmente por sanções contra autoridades brasileiras, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, com apoio do ex-presidente dos EUA Donald Trump .

As ramificações políticas

A situação expõe tensões mais amplas no campo bolsonarista. Enquanto a família de Bolsonaro busca estratégias para reverter a condenação – como anistia ou indulto –, analistas políticos avaliam que o centrão (bloco de partidos de centro-direita) prefere manter Bolsonaro inelegível e preso para controlar a direita sem sua influência direta . Christian Lynch, cientista político, afirmou: "Os políticos não querem Bolsonaro porque, no fundo, não confiam nele" .

Além disso, a pressão internacional liderada por Eduardo Bolsonaro e apoiada por Trump ainda é incerta em seus efeitos. Embora tenha resultado em sanções a autoridades brasileiras, não impediu a condenação .

Conclusão

O conflito entre Carlos Bolsonaro e aliados de Mauro Cid revela um racha no núcleo duro bolsonarista, com implicações para a unidade da direita brasileira. Enquanto Carlos acusa o militar de traição, os defensores de Cid argumentam que a responsabilidade maior é do ex-presidente. O desfecho dessa disputa pode influenciar tanto os recursos jurídicos quanto as estratégias políticas para as eleições de 2026

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Com informações de: G1, BBC News Brasil, O Globo, UOL, CNN Brasil, Poder360, Jovem Pan, Terra, Agência Brasil.■