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Chefes do PCC pagaram propina em espécie a Ciro Nogueira, segundo depoimento
Testemunha relata à Polícia Federal que senador recebeu sacola com dinheiro vivo para atuar em interesse de facção criminosa na ANP e no Congresso; valores teriam sido entregues em agosto de 2024 no gabinete do parlamentar, que nega as acusações e coloca sigilos à disposição da Justiça
Politica
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSYJixy-YTQrxGiEo7-y6puUOMZsv3AFS0tOA&s
■   Bernardo Cahue, 01/09/2025

Uma testemunha com acesso direto aos chefes do esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) na Faria Lima depôs à Polícia Federal e confirmou que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) recebeu uma sacola de papelão contendo dinheiro vivo como propina para defender interesses da organização criminosa.

De acordo com o relato, formalizado perante as autoridades, o pagamento foi efetuado por Mohamad Hussein Mourad (o "Primo") e Roberto Augusto Leme da Silva (o "Beto Louco"), apontados como líderes do esquema bilionário que envolve fraudes em combustíveis e gestão de fundos de investimento. A entrega teria ocorrido em agosto de 2024, no gabinete do senador.

Trecho do depoimento:

"Sim, ele falou que [a sacola com dinheiro] era para o Ciro Nogueira. Eles estavam indo encontrar o Ciro, em posse dessa sacola. Era uma sacola de papelão. Era uma sacola grampeada. De uma largura compatível com o tamanho de uma cédula."

Segundo as investigações, a propina estaria relacionada a:

  • Atuação de Nogueira junto à Agência Nacional do Petróleo (ANP) para reverter a revogação de licenças das empresas Copape e Aster, envolvidas no esquema;
  • Influência em projetos de lei no Senado, especialmente emendas ao texto sobre "devedor contumaz" que beneficiariam o modelo de negócios das organizações criminosas.

O senador nega veementemente as acusações. Em ofício enviado ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, Nogueira classificou as denúncias como "calúnias" e se disse vítima de "pistoleiros de reputação". Ele solicitou que a PF apure com urgência os registros de acesso ao seu gabinete e disponibilizou todos os seus sigilos (telefônico, bancário e do gabinete) para comprovar a ausência de ligações com facções criminosas.

O caso integra a Operação Carbono Oculto, considerada a maior investida da história do Brasil contra a infiltração do crime organizado na economia formal. O esquema movimentou aproximadamente R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024, com suspeita de sonegação fiscal superior a R$ 8,6 bilhões.

Os dois acusados de chefiar o esquema e entregar a propina a Nogueira estão foragidos e tiveram seus nomes incluídos na lista de difusão vermelha da Interpol.

Com informações de: UOL, Correio da Manhã, ICL Notícias, Metrópoles, Cleber Toledo, R7, InfoMoney