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O Senado Federal aprovou nesta quarta-feira (27) o projeto de lei que estabelece regras rigorosas para proteção de crianças e adolescentes em ambientes digitais, popularmente conhecido como "PL da Adultização". A matéria, que teve apoio quase unânime, segue agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O projeto prevê:
O relator, senador Flávio Arns (PSB-PR), destacou que a versão final retirou trechos sobre "loot boxes" em jogos eletrônicos por considerá-los semelhantes a jogos de azar, mas manteve o cerne protetivo: "Não existem limites seguros para que crianças e adolescentes utilizem este tipo de ferramenta".
Repercussão da Denúncia de Felca
O avanço legislativo foi acelerado após o influenciador digital Felipe Bressanim Pereira (Felca) publicar um vÃdeo-denúncia em 6 de agosto que viralizou, alcançando 44 milhões de visualizações e gerando comoção nacional. Felca expôs casos de exploração sexual e adultização de menores, incluindo o controverso caso do influenciador Hytalo Santos, preso preventivamente sob acusação de exploração infantil.
O impacto da denúncia foi imediato e mensurável:
Felca defendeu que "criança não deve produzir conteúdo na internet" e alertou para os algoritmos que facilitam a sexualização de menores, tornando-os vulneráveis a criminosos.
Da Adultização à Regulação Midiática Amplia
O caso reacendeu o debate sobre a regulação geral das redes sociais e, por extensão, dos meios de comunicação. Especialistas apontam que a proteção infantil pode ser o "cavalo de Troia" para discussão mais ampla sobre responsabilidade de plataformas.
No entanto, o clima no Congresso ainda é de impasse. Parlamentares de direita alertam para riscos de censura, enquanto a esquerda sustenta que a liberdade de expressão não pode se sobrepor a outros direitos. O cientista polÃtico Augusto Prando avalia: "A regulamentação das redes sociais é inescapável, mas está engavetada porque divide opiniões".
O contexto brasileiro é particularmente sensÃvel. Cinco famÃlias controlam 50% dos principais veÃculos de mÃdia do paÃs, com destaque para o Grupo Globo, que alcança sozinho audiência maior que a soma dos quatro próximos conglomerados. A Constituição proÃbe monopólios e oligopólios em comunicação (Art. 220), mas a regulação nunca foi efetivamente implementada, permitindo alta concentração.
Modelos internacionais mostram que regulação não significa necessariamente censura:
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem avançado na ausência do Legislativo. Em junho, a Corte atualizou o Marco Civil da Internet para permitir responsabilização de plataformas por conteúdos criminosos mesmo após notificação extrajudicial.
Próximos Passos e Desafios
Enquanto o PL da Adultização segue para sanção, especialistas defendem que o tema deve impulsionar a retomada do PL das Fake News, parado na Câmara há mais de dois anos. Este projeto prevê responsabilização de plataformas por conteúdos pagos, transparência em moderação e remuneração por conteúdos jornalÃsticos.
O desafio será equilibrar proteção e liberdade: "A sociedade muda mais rápido que as normas. O desafio é atualizar a legislação sem comprometer a liberdade de expressão, mas garantindo a proteção de direitos", resume o cientista polÃtico Augusto Prando.
Com informações de: G1, CNN Brasil, CartaCapital, Agência Câmara de NotÃcias, Politize
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