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Fim do sequestro no Congresso: bolsonaristas recuam sem concessões do Pacote da Paz
Ocupação de 36 horas na Câmara terminou com ameaças de suspensão de salários e verba, impeachment de Moraes segue para análise de Alcolumbre, e deputados se retratam a Motta
Politica
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSyIHwARB2OaWSKiusJGGj-TK7LecXHDq-O8g&s
■   Bernardo Cahue, 08/08/2025

Após 36 horas de obstrução dos trabalhos legislativos, parlamentares bolsonaristas desocuparam o plenário da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (6) sem conseguir a pautação do chamado "pacote da paz". O movimento – comparado por governistas ao "sequestro do Parlamento" – terminou após líderes da oposição fecharem acordo mediado pelo ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), sob risco de cortes financeiros e suspensão de mandatos para os manifestantes.

Os ocupantes foram advertidos pelo presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) de que teriam salários e verbas parlamentares cortados, além de mandatos suspensos por seis meses, caso persistissem na obstrução. Ameaçados com intervenção da polícia legislativa, deputados como Marcel van Hattem (Novo-RS) e Marcos Pollon (PL-MS) recuaram após 10 minutos de resistência para ceder a cadeira da presidência.

A única concessão obtida foi o protocolo de um novo pedido de impeachment contra o ministro do STF Alexandre de Moraes no Senado – o 30º contra o magistrado. A proposta reuniu 41 assinaturas (maioria absoluta da Casa), mas depende exclusivamente do presidente Davi Alcolumbre (União-AP) para ser pautado, sem obrigação legal de avanço.

Em meio à desocupação, parlamentares bolsonaristas pediram desculpas formais a Motta, que foi categórico: "Nenhum acordo foi feito e nenhum trabalho seria interrompido por pautas pessoais". O presidente reforçou que a governabilidade não seria negociada, especialmente após sua autoridade ter sido ignorada durante as negociações, conduzidas por Lira com líderes do PL.

As principais reivindicações do "pacote" foram rejeitadas:

  • Anistia aos condenados do 8 de janeiro: proposta paralisada no Colégio de Líderes, com 898 investigados ou condenados pelo STF;
  • Fim do foro privilegiado: PEC que transfere julgamentos de autoridades para instâncias inferiores não foi incluída na pauta;
  • Licença prévia para processar parlamentares: projeto que exige aval do Congresso para ações judiciais ficou de fora do acordo.

O episódio paralisou votações de interesse popular, como a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil, gerando críticas até de aliados da oposição. O líder ruralista Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) cancelou reunião sobre tarifas de Trump alegando "falta de quórum", enquanto senadores adiaram sabatinas de indicados a agências reguladoras.

Com informações de: Agência Brasil, Estadão, Folha de S.Paulo, G1, TVT News, Senado Federal, Esmael Morais.