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Gravações revelam ordem de ex-Primeira-Ministra para atirar contra protesto
Documentos e análises forenses obtidos pela Al Jazeera expõem comando de Sheikh Hasina para uso de força letal, resultando em até 1400 mortes em Bangladesh; Tribunal Internacional cobra extradição
Leste Asiatico
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSfazToLWryIlZc9556kqpNfB5yRXlH6o9FAw&s
■   Bernardo Cahue, 26/07/2025

Revelação Chocante

Gravações telefônicas inéditas, obtidas e verificadas pela Al Jazeera, capturaram a então primeira-ministra Sheikh Hasina ordenando explicitamente que forças de segurança usassem armas letais e atirassem diretamente contra manifestantes estudantis em julho de 2024. As conversas, ocorridas em 18 de julho com Sheikh Fazle Noor Taposh, prefeito de Dhaka Sul, mostram Hasina instruindo: "Onde quer que os encontrem, atirem. Já dei instruções diretas".

Contexto da Crise

Os protestos começaram após a Justiça de Bangladesh reinstaurar um sistema de cotas que reservava 30% dos cargos públicos a familiares de veteranos da guerra de independência (1971). Estudantes alegavam que a medida beneficiava aliados do partido de Hasina, a Liga Awami, em detrimento da meritocracia. A repressão inicial — com prisões e toque de recolher — escalou para violência extrema após a morte do estudante Abu Sayed, baleado pela polícia em 16 de julho.

Execução das Ordens

Evidências indicam que as instruções de Hasina foram implementadas imediatamente:

  • Ataques aéreos: Helicópteros equipados com metralhadoras (modelo 7.62 Type 56) sobrevoaram Dhaka a partir de 18 de julho. Testemunhas relataram tiros contra civis em prédios residenciais
  • Manipulação de provas: Médicos foram coagidos a alterar laudos necroscópicos. No caso de Abu Sayed, policiais exigiram que a causa da morte fosse atribuída a "pedradas", não a tiros
  • Farsa pública: Hasina visitou feridos em hospitais, chorando e questionando "que crime eu cometi?", enquanto autorizava operações letais

Números da Repressão

Relatórios da ONU e do Tribunal de Crimes Internacionais (ICT) de Bangladesh detalham:

  • Mortos: Até 1.400 (12-13% crianças)
  • Feridos: +20.000
  • Acusações: Crimes contra a humanidade

Reações e Justiça

  • Tribunal Internacional: Hasina foi indiciada em julho de 2025 por "cumplicidade, incitação e assassinato em massa". O procurador Tajul Islam afirma que as gravações são provas irrefutáveis de seu envolvimento direto
  • Fuga e Exílio: Hasina renunciou em 5 de agosto de 2024 e refugiou-se na Índia. Bangladesh pediu sua extradição, mas ainda não houve resposta
  • Negação da Liga Awami: Aliados de Hasina alegam que os áudios são "manipulados por IA" e parte de uma "caça às bruxas política"

Conclusão

As gravações expõem não apenas a brutalidade do regime de Hasina, mas também seu cinismo: enquanto discursava sobre "proteger estudantes", coordenava sua eliminação. O caso, agora no ICT, pode se tornar um marco na luta contra a impunidade de líderes autoritários na Ásia. Para as vítimas, como definiu o chefe de direitos humanos da ONU, Volker Türk, trata-se de violações sistemáticas que podem constituir crimes internacionais.

Nota da Redação: Sheikh Hasina governou Bangladesh por 15 anos até sua queda em agosto de 2024. Seu julgamento está marcado para começar em agosto de 2025.