Brasília, 20 de julho de 2025 — O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) deixou o Brasil na quinta-feira (17) rumo a Lisboa, Portugal, em um movimento classificado pela oposição como "fuga estratégica" para evitar investigações. A viagem ocorreu horas antes da operação da Polícia Federal (PF) que atingiu o ex-presidente Jair Bolsonaro, culminando em medidas como tornozeleira eletrônica, apreensão de US$ 14 mil e R$ 8 mil em espécie, e um pen drive escondido em seu banheiro.

Cronologia da "Fuga" e Conflito Familiar

• Timing Suspeito: Flávio embarcou no voo TP58 de Brasília para Lisboa às 17h10 do dia 17/07, confirmado por passageiros e sua assessoria. A operação da PF ocorreu na manhã seguinte (18/07), cumprindo mandados do STF que proibiram Jair Bolsonaro de usar redes sociais, sair à noite ou comunicar-se com investigados — incluindo os filhos Eduardo e Flávio.
• Justificativas: A assessoria do senador alegou "deslocamento em recesso parlamentar", sem detalhar destino ou motivos. Flávio publicou apoio ao pai após a operação: "Fica firme, pai, não vão nos calar!".
• Acusações: O deputado André Janones (Avante-MG) chamou o ato de "fuga covarde como um rato". Flávio rebateu com ironia nas redes, mas apagou posts que sugeriam sanções dos EUA contra ministros do STF.

Inquéritos que Envolvem Flávio Bolsonaro

• Atentado à Soberania: O ministro Alexandre de Moraes aponta Flávio como parte de uma rede de "obstrução à Justiça" ao apoiar as articulações de Eduardo Bolsonaro nos EUA. O filho do ex-presidente busca sanções contra Moraes e o STF, ação que o STF considera crime.
• Operação na Casa de Jair: A PF apreendeu uma cópia da ação judicial movida pela plataforma Rumble (aliada a Trump) contra Moraes. O documento pedia que decisões do STF fossem ignoradas nos EUA — estratégia atribuída a Eduardo, mas com indícios de coordenação familiar.
• Apagão de Dados: Flávio deletou um tweet que pedia a Trump: "Suspender a taxa de 50% e meter sanção individual em quem persegue cidadãos americanos".

Eduardo Bolsonaro: Fim da Licença e Exílio

• Licença Expirada: A licença de 120 dias de Eduardo terminou neste domingo (20/07). Ele permanece nos EUA e admitiu à CNN: "Não vejo clima para voltar e ser preso".
• Risco de Perda de Mandato: A Câmara retomará atividades em 4/08. Se Eduardo faltar a 1/3 das sessões, perderá o cargo. O PL estuda alternativas, como um projeto que permita exercer mandato remotamente.
• Sucessão: O suplente Missionário José Olímpio (PL-SP) aguarda para assumir definitivamente, prometendo "manter as pautas de Eduardo".

Repercussão e Isolamento do Clã

• Discurso de Perseguição: Jair Bolsonaro declarou-se "humilhado" pela tornozeleira, enquanto governadores aliados (como Zema e Tarcísio) atacaram o STF por "perseguição".
• Estratégia Internacional: Com Flávio na Europa e Eduardo nos EUA, os Bolsonaro tentam pressionar o Brasil via apoio externo. Eduardo já agradeceu a Trump por cancelar vistos de ministros do STF.
• Silêncio do STF: A Corte não se manifestou sobre a viagem de Flávio, mas Moraes alertou: descumprir medidas cautelares resulta em prisão.

Conclusão: Fuga ou Reação Política?

A saída de Flávio Bolsonaro reflete a fratura institucional entre o bolsonarismo e o Judiciário. Se a oposição vê "fuga", seus aliados defendem ser uma resposta à "perseguição de Alexandre de Moraes". Com Eduardo prestes a perder o mandato e Jair isolado em Brasília, a diáspora da família pode marcar uma virada na crise política — e na estratégia de sobrevivência do grupo.

Nota da Redação: Até o fechamento desta edição, Flávio Bolsonaro não informou seu retorno ao Brasil. Seu gabinete no Senado reitera que a viagem é "pessoal e legal".