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Motta e Alcolumbre amargam 75% de rejeição
Pesquisa AtlasIntel/Bloomberg expõe desgaste irreversível dos presidentes da Câmara e do Senado após crise do IOF e pressão popular
Politica
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■   Bernardo Cahue, 10/07/2025
Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB) lideram o ranking de rejeição entre os principais líderes políticos do Brasil, com índices históricos de 75% e 74%, respectivamente. A pesquisa AtlasIntel/Bloomberg, realizada entre 27 e 30 de junho com 2.621 entrevistados, revela que apenas 3% aprovam Alcolumbre e 4% têm imagem positiva de Motta, configurando os piores saldos de avaliação (-72 e -70 pontos percentuais) entre 16 nomes analisados. O cenário contrasta com o equilíbrio relativo de figuras como Lula (-6 p.p.) e Bolsonaro, cujas bases permanecem sólidas.

O colapso de popularidade surge após a crise política gerada pela derrubada dos decretos do governo que aumentavam o IOF. Em 25 de junho, Motta articulou uma votação-relâmpago sem consulta à base governista, aprovada por 383 deputados, causando um rombo de R$ 12 bilhões e ameaçando programas sociais. A manobra, classificada como "chantagem" por líderes petistas, desencadeou a campanha "Congresso da Mamata" nas redes sociais, que viralizou ao vincular os parlamentares a interesses de elites financeiras. A reação popular foi imediata: protestos digitais massivos e pressão sobre aliados isolaram Motta, forçando-o a recuar e pautar cortes de 10% em benefícios fiscais para setores privilegiados.

O desgaste transcende a esfera doméstica. Na crise internacional provocada pelo "tarifaço" de 50% imposto por Donald Trump aos produtos brasileiros, Motta e Alcolumbre demoraram 24 horas para reagir, emitindo uma nota genérica que ignorou os ataques do americano ao STF e à democracia brasileira. O documento, que citou a Lei de Reciprocidade Econômica como possível resposta, foi considerado insuficiente por setores do governo e da oposição, evidenciando a fragilidade política dos dois líderes. A omissão reforçou a percepção de alinhamento com agendas antinacionais, amplificada por Trump em suas justificativas para as tarifas, que incluíam a defesa explícita de Jair Bolsonaro.

Institucionalmente, o Congresso Nacional reflete a desconfiança gerada por seus líderes: 63% dos brasileiros declaram não confiar no Legislativo, e 60% desacreditam nos partidos políticos. A imagem da Casa atingiu o pior nível em décadas, com queda de 57 pontos na confiabilidade desde 2022. Para Alcolumbre, o cenário é especialmente preocupante: sua tentativa de ampliar o número de deputados federais de 513 para 531 — projeto com 76% de rejeição popular — fracassou no Senado por falta de apoio, mesmo após intensa articulação.

Eleitoralmente, a rejeição recorde coloca em risco a sobrevivência política de ambos. Motta enfrenta eleição em 2026 em um estado (Paraíba) onde o governo Lula mantém forte penetração, enquanto Alcolumbre, com mandato no Amapá, vê-se ameaçado pela ascensão da extrema direita bolsonarista e pela esquerda reorganizada. Investigação da Polícia Federal envolvendo aliados de ambos, citada em discursos governistas, adiciona pressão jurídica ao desgaste.

A crise expõe uma mudança tectônica no poder em Brasília: a combinação de mobilização digital, estratégia comunicativa agressiva do Planalto e desgaste de figuras tradicionalmente intocáveis do establishment demonstram que o "jogo de bastidores" perdeu eficácia ante o escrutínio público. Resta saber se Alcolumbre e Motta conseguirão reverter a espiral negativa antes que suas carreiras políticas atinjam o ponto de não retorno.

Com informações de Brasil 247, Ponto de Pauta, Brasil de Fato, EBC, Veja, O Globo e Folha de São Paulo.■