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O governo do presidente Nicolás Maduro afirmou que as exportações de petróleo da Venezuela continuam "normalmente", desafiando a ordem de um "bloqueio total e completo" anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na terça-feira (16). A medida americana visa todos os petroleiros sancionados que entram ou saem do país caribenho e representa uma escalada dramática na pressão para derrubar o regime chavista. No entanto, o setor petrolífero venezuelano já dá sinais de estrangulamento, com a capacidade de armazenamento no país prestes a se esgotar em até dez dias, o que pode forçar uma paralisação parcial da produção.
Ameaças à parte, a realidade logística impõe um prazo crítico à PDVSA, a estatal petrolífera venezuelana. Segundo a agência Bloomberg, os principais centros de armazenamento do país e navios-tanque ancorados nos portos estão se enchendo rapidamente. A expectativa é que a capacidade máxima seja atingida em, no máximo, dez dias. Fontes parlamentares confirmam que a PDVSA tem, no máximo, 15 dias de capacidade de armazenamento.
Caso o país fique sem espaço, parte da produção — que hoje gira em torno de 1 milhão de barris por dia — terá que ser interrompida. Especialistas calculam que as exportações podem cair até pela metade, dependendo da frequência das apreensões de navios pela marinha americana. O petróleo é a principal fonte de receita do país, e uma interrupção prolongada teria um impacto severo na já combalida economia venezuelana.
A capacidade da Venezuela de manter exportações de cerca de 1 milhão de barris por dia, mesmo sob rigorosas sanções impostas desde 2019, deve-se em grande parte à chamada "frota fantasma" ou "frota clandestina". Esta é uma rede global de navios-tanque que operam à margem da lei para contrabandear petróleo de países sancionados, como Venezuela, Irã e Rússia.
Os métodos utilizados por essa frota incluem:
O bloqueio anunciado por Trump visa justamente essas embarcações. Estima-se que mais de 30 dos cerca de 80 navios que estavam em ou próximos às águas venezuelanas na semana passada estavam sob sanções dos EUA. A ordem é clara: impedir que esses petroleiros atraquem ou zarpem dos portos venezuelanos.
O governo Maduro reagiu com veemência, classificando o bloqueio como uma "ameaça grotesca" e um ato de "pirataria" à luz do direito internacional. Maduro conversou com o secretário-geral da ONU, António Guterres, pedindo que a organização rechaçasse categoricamente as declarações de Trump.
Os preços do petróleo no mercado internacional reagiram com alta ao anúncio, refletindo o temor de uma redução na oferta. Analistas alertam que uma interrupção prolongada pode apertar os mercados globais de diesel e contribuir para a inflação.
O cerco tem amplas ramificações internacionais:
Esta crise é o capítulo mais agudo de um longo confronto. Trump justifica as ações acusando Maduro de usar o petróleo para financiar um "regime ilegítimo", envolvido em narcoterrorismo e tráfico de pessoas. O presidente venezuelano, por sua vez, sustenta que o verdadeiro objetivo dos EUA é se apoderar das vastas reservas de petróleo do país, as maiores do mundo.
Embora a Venezuela possua cerca de 303 bilhões de barris em reservas, sua produção atual é modesta, menos de 1% do consumo mundial, após anos de desinvestimento e má gestão. Reverter esse declino exigiria dezenas de bilhões de dólares e uma década de trabalho, um investimento de risco questionável no cenário energético global futuro. Enquanto esse debate de longo prazo segue, a crise imediata se desenrola no Caribe, com a economia venezuelana e o mercado global de petróleo na mira.
Com informações de: G1, Swissinfo, BBC, Brasil de Fato ■