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Em uma escalada dramática da pressão sobre o governo de Nicolás Maduro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na terça-feira (16) um "bloqueio total e completo" a todos os navios petroleiros sob sanções que entram ou saem da Venezuela. Em uma publicação na rede social Truth Social, Trump declarou que a Venezuela está "completamente cercada pela maior Armada já reunida na história da América do Sul" e que a medida só aumentará.
Paralelamente ao bloqueio, Trump designou oficialmente o governo de Maduro como uma "Organização Terrorista Estrangeira". Ele acusou o regime de usar recursos provenientes do que chamou de "roubo" de petróleo e terras americanas para financiar atividades como narcoterrorismo, tráfico de pessoas e assassinatos.
O anúncio ocorre em um contexto onde o petróleo é visto como elemento central da disputa. A Venezuela possui as maiores reservas comprovadas de crude do planeta, com aproximadamente 303 bilhões de barris. No entanto, sua produção atual é de cerca de 1 milhão de barris por dia, uma fração do potencial, devido a anos de crise, falta de investimento e sanções internacionais.
Segundo reportagem do The New York Times, o petróleo é prioridade na ofensiva de Trump. O jornal revelou que a Casa Branca mantém negociações secretas com Maduro sobre o tema, nas quais o líder venezuelano teria oferecido a abertura da indústria petrolífera aos EUA — proposta rejeitada por Washington, que desconfia de suas intenções. Analistas sugerem que um governo mais alinhado aos interesses americanos na Venezuela poderia reerguer a produção, abastecendo o mercado global e reduzindo a dependência de países como a Rússia.
O bloqueio não é um ato isolado, mas o ponto mais recente de uma campanha de pressão militar crescente:
O governo venezuelano reagiu imediatamente, qualificando a ameaça de bloqueio como "grotesca" e "absolutamente irracional", acusando Trump de buscar roubar as riquezas da nação e violar o direito internacional e a livre navegação. Prometeu levar a questão às Nações Unidas.
Nos Estados Unidos, a medida também gerou críticas. O congressista democrata Joaquin Castro afirmou que um "bloqueio naval é, inquestionavelmente, um ato de guerra". Especialistas em energia, no entanto, avaliam que o impacto imediato no mercado global de petróleo pode ser modesto. A medida afetaria principalmente os chamados "navios fantasmas" ou "zumbis" usados para burlar sanções, o que representa cerca de 300 mil dos 900 mil barris que a Venezuela exporta diariamente.
O verdadeiro impacto seria sentido dentro da Venezuela. A perda dessa receita pode estrangular ainda mais a economia do país, potencialmente levando a uma hiperinflação ainda maior e a um aumento no fluxo de migrantes para países vizinhos.
Em meio ao bloqueio total, uma empresa americana continua operando: a Chevron. A petroleira tem uma licença especial renovada pelo governo Trump — embora com restrições — para operar na Venezuela em uma joint-venture com a estatal PDVSA, respondendo por cerca de 10% da produção nacional. A empresa afirmou que suas operações continuam sem interrupções e em conformidade com as sanções.
A situação permanece volátil. Enquanto Trump promete intensificar o choque, Maduro jurou defender a pátria. O bloqueio naval, um movimento tipicamente associado a estados de guerra, coloca as duas nações em um caminho de confronto direto, com implicações profundas para a estabilidade regional, o mercado energético global e o próprio conceito de soberania na política internacional.
Com informações de: G1, CNN, CNBC, BBC, Swissinfo, The Guardian, Politico, Eixos ■