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O acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), em negociação há 26 anos, enfrenta sua semana decisiva. A expectativa do governo brasileiro e de partidários do acordo na Europa é que o tratado seja assinado neste sábado (20), durante a Cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu. No entanto, esse desfecho depende de uma série de votações críticas em instituições europeias, que ocorrem sob a forte oposição da França e de grupos agrícolas.
O processo final na Europa segue um cronograma apertado:
A Comissão Europeia tem defendido a urgência da conclusão do acordo. Um porta-voz afirmou que assiná-lo "é uma questão de importância crucial do ponto de vista económico, diplomático e geopolítico".
O principal ponto de atrito são as medidas de salvaguarda aprovadas pela Comissão Europeia. Elas permitem que a UE suspenda temporariamente os benefícios tarifários concedidos ao Mercosul se um aumento nas importações "prejudicar os produtores europeus". Essas regras, vistas como um aceno para países reticentes como a França, geraram preocupação no agronegócio brasileiro.
Para a diretora de relações internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, há uma contradição: "A União Europeia não veio aqui perguntar para o Brasil, Paraguai, Uruguai se a gente concordava ou não" com as salvaguardas, que podem limitar o acesso ao mercado europeu.
O governo francês, pressionado por protestos de agricultores, busca adiar a votação para janeiro e declarou o acordo "inaceitável como está". O presidente Emmanuel Macron alega que as salvaguardas atuais são insuficientes para proteger os produtores locais da concorrência sul-americana.
Paris tenta formar uma "minoria de bloqueio" no Conselho Europeu, contando com o apoio de países como Polônia e Hungria, e possivelmente da Itália. No entanto, analistas sugerem que a França pode ter dificuldade em reunir votos suficientes para vetar o acordo, que precisa de uma maioria qualificada para ser aprovado. Potências como Alemanha e Espanha são fortes defensoras do tratado, interessadas em ampliar suas exportações de carros, máquinas e produtos químicos.
Caso seja aprovado, o acordo criará um mercado integrado de cerca de 722 milhões de pessoas e deve ter impactos significativos e variados para as exportações brasileiras:
Além do comércio, o acordo é impulsionado por um reposicionamento estratégico diante das tensões globais. Para a UE, é uma forma de diversificar parceiros e reduzir a dependência de China e EUA, especialmente após as tarifas impostas pelo governo Trump. Para o Mercosul, representa uma oportunidade de maior inserção nas cadeias globais de valor.
Mesmo com uma assinatura neste sábado, o processo não estará concluído. O acordo ainda precisará ser ratificado pelo Parlamento Europeu e pelos parlamentos nacionais de todos os Estados-membros da UE e países do Mercosul, um processo que pode levar anos. A semana, no entanto, definirá se um tratado discutido por mais de um quarto de século finalmente sai do papel.
Com informações de: G1 - Globo, Euronews, OPEB, ICL Notícias, O Globo, Agência Senado, Revista Poder, SWI swissinfo.ch, InfoMoney, Times Brasil■