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A crise entre os Estados Unidos e a Venezuela atingiu um novo patamar de tensão, com o presidente Donald Trump enfrentando um dilema político e legal complexo. De um lado, a recusa categórica de Nicolás Maduro em aceitar um ultimato para deixar o poder; de outro, a crescente pressão doméstica por investigações sobre supostos crimes de guerra cometidos por forças americanas no Caribe. Este cenário coloca Washington à beira de uma intervenção militar de consequências imprevisíveis na América do Sul.
No dia 21 de novembro, uma ligação telefônica de 15 minutos entre Trump e Maduro selou o impasse. Fontes revelaram que Trump, através de um ultimato, ofereceu a Maduro e sua família um salvo-conduto para deixar a Venezuela imediatamente. Em troca, Maduro apresentou uma série de exigências consideradas impraticáveis pela Casa Branca:
Com a rejeição das demandas e o fim do prazo do ultimato, Trump declarou o espaço aéreo venezuelano "totalmente fechado", um movimento interpretado como prelúdio para operações militares. Várias companhias aéreas já suspenderam seus voos para o país.
Paralelamente, Trump enfrenta uma crise política interna. Reportagens do Washington Post e da CNN revelaram ordens verbais supostamente dadas pelo secretário de Guerra, Pete Hegseth, que poderiam configurar crimes de guerra. Após um ataque com mísseis a um barco suspeito de tráfico no Caribe, imagens de drone teriam mostrado dois sobreviventes agarrados a destroços. Um segundo ataque foi ordenado para "eliminá-los" e cumprir instruções.
A Casa Branca nega ilegalidades, atribuindo a decisão ao almirante Frank "Mitch" Bradley. No entanto, o caso gerou uma investigação bipartidária no Congresso americano, unindo republicanos e democratas preocupados com a violação do Direito Internacional Humanitário. Esse quadro mancha a narrativa de "guerra ao narcotráfico" e limita as opções de Trump, expondo-o a riscos jurídicos e políticos.
Sem condições de travar uma guerra convencional contra as Forças Armadas dos EUA, que superam em muito e em tecnologia as suas, o regime de Maduro prepara uma estratégia de resistência assimétrica e de guerrilha.
Documentos de planejamento e fontes revelam um plano de "resistência prolongada", que envolveria:
Fontes próximas ao governo venezuelano admitem a fraqueza militar: "Não duraríamos nem duas horas em uma guerra convencional". A estratégia, portanto, é aumentar o custo político de uma invasão, apostando na exaustão do inimigo.
A justificativa pública dos EUA para a pressão é o combate ao narcotráfico. Recentemente, o governo Trump incluiu o suposto Cartel de Los Soles — que acusa Maduro de liderar — em sua lista de organizações terroristas estrangeiras. Esta designação fornece um arcabouço legal para ações militares e sanções.
No entanto, analistas apontam que a classificação é discrecional e carregada de interesses políticos. "Cada Estado define o terrorismo como quer, é um exercício retórico para difamar seu inimigo, tirar sua legitimidade e justificar certas ações", avalia Andreas Feldmann, professor da Universidade de Illinois.
Esta escalada ocorre sobre uma Venezuela já devastada por uma profunda crise econômica e humanitária que se arrasta desde 2010, marcada por hiperinflação, escassez de alimentos e medicamentos, e uma diáspora de milhões de pessoas. O embargo econômico liderado pelos EUA é apontado por alguns estudos como um agravante decisivo desta crise, enquanto o governo Maduro atribui a ela todos os males do país.
O caminho à frente é incerto. Trump, que oscilou entre ameaças de ação terrestre — "a terra será a próxima" — e a abertura para diálogo, agora vê suas opções restritas pela resistência de Maduro e pela investigação no Congresso.
A comunidade internacional observa com apreensão. Um conflito aberto na Venezuela teria consequências humanitárias catastróficas, potencialmente desestabilizadoras para toda a região, e colocaria os EUA em um novo e complexo cenário de ocupação e insurgência. O dilema venezuelano de Trump, portanto, é também um teste para a ordem internacional em 2025, balançada entre a soberania nacional, a justiça por crimes de guerra e a imprevisibilidade da política de grandes potências.
Com informações de: UOL, CNN Brasil, Deutsche Welle (DW), CELAG, G1, Washington Centre for International Policy, Global Rights Compliance, Wikipedia ■