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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acirrou a crise com a Venezuela neste sábado (29) ao declarar em uma rede social que o espaço aéreo do país sul-americano deve ser considerado "totalmente fechado". A declaração, que não tem base legal, foi imediatamente condenada pelo governo de Nicolás Maduro como uma "ameaça colonialista" e um "ato hostil e arbitrário".
Em uma publicação na rede social Truth Social, Trump dirigiu-se a "companhias aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas", pedindo que considerassem o espaço aéreo sobre e ao redor da Venezuela como encerrado. A mensagem surge em meio a uma escalada militar norte-americana no Caribe, que inclui o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford, e cerca de 15 mil soldados.
Em resposta, o chanceler venezuelano, Yván Gil Pinto, emitiu um comunicado oficial no mesmo dia, condenando "categoricamente" a fala de Trump. O ministro afirmou que a ação constitui uma "nova agressão extravagante, ilegal e injustificada" e representa uma "ameaça explícita de uso da força", proibida pela Carta das Nações Unidas. A Venezuela exige "respeito irrestrito" à sua soberania e advertiu que não aceitará "ordens, ameaças ou interferência de qualquer potência estrangeira".
A declaração de Trump não é um fato isolado, mas o capítulo mais recente de uma campanha de pressão militar e psicológica contra o governo Maduro. Nos últimos meses, os Estados Unidos multiplicaram a divulgação de imagens de exercícios militares no Caribe, que incluem:
Segundo analistas, essas demonstrações de força são um elemento central do jogo psicológico entre as duas nações, embora uma invasão terrestre em larga escala seja considerada improvável com o contingente atual. Especialistas apontam que a geografia da Venezuela, com uma costa extensa e defesas heterogêneas, poderia facilitar operações especiais e furtivas na região de Caracas.
Na prática, Trump não tem a autoridade para fechar o espaço aéreo de outro país. No entanto, o temor de uma escalada já tinha causado um efeito concreto e disruptivo uma semana antes, quando a Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA emitiu um alerta sobre uma "situação potencialmente perigosa" no espaço aéreo venezuelano.
O alerta levou ao cancelamento de voos por diversas companhias aéreas internacionais, incluindo Gol, Latam, TAP Portugal e Avianca. Em retaliação, o governo Maduro revogou na última quinta-feira (27) as licenças de operação de seis companhias, acusando-as de se unirem a "atos de terrorismo" promovidos pelos EUA. O sistema de rastreamento Flight Radar mostrou uma drástica redução no número de aeronaves sobrevoando o território venezuelano.
Enquanto a retórica belicista se intensifica, os canais diplomáticos permanecem ativos, ainda que de forma tensa. De acordo com o New York Times, Trump e Maduro conversaram por telefone na semana passada, e discutiram a possibilidade de um encontro. Esta abordagem dual – que alterna ameaças e abertura para negociação – é característica da política externa do republicano.
Paralelamente, grupos de direitos humanos alertam que o governo Maduro está intensificando a repressão interna. A ONG Provea relatou que outubro de 2025 foi o mês com o maior nível de repressão desde o início das tensões, com detenções seletivas de opositores e líderes da oposição, como María Corina Machado. A estratégia, segundo analistas, parece ser a de "decapitar a liderança da oposição" e incutir medo na população em um momento de alta pressão externa.
A crise entre EUA e Venezuela entrou em uma fase crítica e imprevisível. A declaração de Trump sobre o espaço aéreo venezuelano, embora simbólica, elevou a tensão a um novo patamar, enquanto a presença militar norte-americana no Caribe segue como uma demonstração de força palpável. O governo venezuelano, por sua vez, promete responder com "dignidade e legalidade", ao mesmo tempo em que enfrenta um crescente isolamento aéreo e denuncia uma campanha que considera colonialista. A comunidade internacional acompanha com apreensão os desdobramentos de um conflito que ameaça a estabilidade de toda a região.
Com informações de: G1, CNN Espanhol, BBC, Gazeta do Povo, DN, O Globo, CNN Brasil ■