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Trump declara espaço aéreo venezuelano "fechado" e acirra crise com Caracas
Chanceler Yván Gil classifica ato de "ameaça colonialista"; tensão militar no Caribe atinge novo patamar
America do Sul
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■   Bernardo Cahue, 30/11/2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acirrou a crise com a Venezuela neste sábado (29) ao declarar em uma rede social que o espaço aéreo do país sul-americano deve ser considerado "totalmente fechado". A declaração, que não tem base legal, foi imediatamente condenada pelo governo de Nicolás Maduro como uma "ameaça colonialista" e um "ato hostil e arbitrário".

A Declaração e a Reação Imediata

Em uma publicação na rede social Truth Social, Trump dirigiu-se a "companhias aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas", pedindo que considerassem o espaço aéreo sobre e ao redor da Venezuela como encerrado. A mensagem surge em meio a uma escalada militar norte-americana no Caribe, que inclui o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford, e cerca de 15 mil soldados.

Em resposta, o chanceler venezuelano, Yván Gil Pinto, emitiu um comunicado oficial no mesmo dia, condenando "categoricamente" a fala de Trump. O ministro afirmou que a ação constitui uma "nova agressão extravagante, ilegal e injustificada" e representa uma "ameaça explícita de uso da força", proibida pela Carta das Nações Unidas. A Venezuela exige "respeito irrestrito" à sua soberania e advertiu que não aceitará "ordens, ameaças ou interferência de qualquer potência estrangeira".

O Contexto da Pressão Militar

A declaração de Trump não é um fato isolado, mas o capítulo mais recente de uma campanha de pressão militar e psicológica contra o governo Maduro. Nos últimos meses, os Estados Unidos multiplicaram a divulgação de imagens de exercícios militares no Caribe, que incluem:

  • Tropas treinando combate em selva e tiro de precisão.
  • Simulações de invasão anfíbia em Porto Rico.
  • Bombardeios no mar com jatos de guerra F-35.
  • Navegação de navios de guerra em formação.

Segundo analistas, essas demonstrações de força são um elemento central do jogo psicológico entre as duas nações, embora uma invasão terrestre em larga escala seja considerada improvável com o contingente atual. Especialistas apontam que a geografia da Venezuela, com uma costa extensa e defesas heterogêneas, poderia facilitar operações especiais e furtivas na região de Caracas.

Impacto Imediato: O Colapso dos Voos

Na prática, Trump não tem a autoridade para fechar o espaço aéreo de outro país. No entanto, o temor de uma escalada já tinha causado um efeito concreto e disruptivo uma semana antes, quando a Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA emitiu um alerta sobre uma "situação potencialmente perigosa" no espaço aéreo venezuelano.

O alerta levou ao cancelamento de voos por diversas companhias aéreas internacionais, incluindo Gol, Latam, TAP Portugal e Avianca. Em retaliação, o governo Maduro revogou na última quinta-feira (27) as licenças de operação de seis companhias, acusando-as de se unirem a "atos de terrorismo" promovidos pelos EUA. O sistema de rastreamento Flight Radar mostrou uma drástica redução no número de aeronaves sobrevoando o território venezuelano.

O Cenário Diplomático e a Repressão Interna

Enquanto a retórica belicista se intensifica, os canais diplomáticos permanecem ativos, ainda que de forma tensa. De acordo com o New York Times, Trump e Maduro conversaram por telefone na semana passada, e discutiram a possibilidade de um encontro. Esta abordagem dual – que alterna ameaças e abertura para negociação – é característica da política externa do republicano.

Paralelamente, grupos de direitos humanos alertam que o governo Maduro está intensificando a repressão interna. A ONG Provea relatou que outubro de 2025 foi o mês com o maior nível de repressão desde o início das tensões, com detenções seletivas de opositores e líderes da oposição, como María Corina Machado. A estratégia, segundo analistas, parece ser a de "decapitar a liderança da oposição" e incutir medo na população em um momento de alta pressão externa.

Um Panorama em Rápida Evolução

A crise entre EUA e Venezuela entrou em uma fase crítica e imprevisível. A declaração de Trump sobre o espaço aéreo venezuelano, embora simbólica, elevou a tensão a um novo patamar, enquanto a presença militar norte-americana no Caribe segue como uma demonstração de força palpável. O governo venezuelano, por sua vez, promete responder com "dignidade e legalidade", ao mesmo tempo em que enfrenta um crescente isolamento aéreo e denuncia uma campanha que considera colonialista. A comunidade internacional acompanha com apreensão os desdobramentos de um conflito que ameaça a estabilidade de toda a região.

Com informações de: G1, CNN Espanhol, BBC, Gazeta do Povo, DN, O Globo, CNN Brasil ■