Siga nossas redes sociais
Logo     
Siga nossos canais
   
PF investiga aeródromo de Nelson Piquet como possível rota de fuga de Bolsonaro
*Ex-presidente foi transferido para a prisão preventiva após tentar danificar sua tornozeleira eletrônica com um ferro de solda; juiz citou risco concreto de evasão
America do Sul
Foto: https://www.intercept.com.br/wp-content/plugins/seox-image-magick/imagick_convert.php?format=webp&quality=91&imagick=uploads.intercept.com.br/2025/11/yAEsfWWB-image-1.png
■   Bernardo Cahue, 28/11/2025

Um aeródromo privativo da família Piquet, localizado a aproximadamente 200 metros do condomínio onde Jair Bolsonaro cumpria prisão domiciliar, é investigado pela Polícia Federal (PF) como uma peça em um eventual plano de fuga do ex-presidente. A informação surge após a decretação da sua prisão preventiva, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base no risco de ele tentar escapar.

Toróquio e o ferio de solda

O ponto de inflexão ocorreu na madrugada do sábado, 22 de novembro, quando o sistema de monitoramento da tornozeleira eletrônica de Bolsonaro emitiu um alerta de violação. Em um vídeo e relatório encaminhados à Justiça, o ex-presidente admitiu ter usado um ferro de solda para tentar abrir o equipamento, que apresentava marcas de queimadura em toda a sua circunferência. Bolsonaro inicialmente justificou o ato como fruto de "curiosidade".

Os fundamentos jurídicos da prisão

Na decisão que converteu a prisão domiciliar em preventiva, Alexandre de Moraes citou três elementos principais que configurariam risco concreto de fuga :

  • A tentação de violar a tornozeleira eletrônica.
  • A convocação de uma vigília de orações pelo senador Flávio Bolsonaro nas proximidades da residência do pai, que, segundo o ministro, poderia criar tumulto e facilitar uma eventual fuga.
  • O histórico de planos de fuga descritos em investigações anteriores do STF.

Juristas ouvidos pela imprensa consideraram a decisão bem fundamentada, uma vez que o conjunto de fatores atendia aos requisitos legais da prisão preventiva.

A pista particular no quintal

A apuração da PF passou a considerar seriamente a hipótese de que o aeródromo Piquet pudesse ser utilizado em uma tentativa de evasão. Registrado na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) como aeródromo privado, a pista tem 590 metros de comprimento e autorização para operação diurna e noturna, sendo adequada para monomotores, bimotores leves e helicópteros.

Apesar de partes da pista estarem ocupadas por um empreendimento imobiliário, o espaço remanescente segue tecnicamente utilizável para operações de helicópteros. A relação de Nelson Piquet com Bolsonaro é próxima, sendo o ex-piloto um apoiador declarado do ex-presidente e tendo-o visitado durante a prisão domiciliar.

Mudança na defesa e o contexto da condenação

Diante das evidências, a defesa de Bolsonaro alterou sua estratégia. Abandonou a tese da "curiosidade" e passou a sustentar que o ex-presidente agiu sob "efeito de confusão mental" causada por medicamentos, alegando até mesmo "surto" e "alucinação".

A prisão preventiva foi decretada no âmbito do inquérito que investiga o filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro, por suposta coação no curso do processo. No entanto, a medida ocorre às vésperas do trânsito em julgado da condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Com informações de: Agência Brasil, G1, CNN Brasil, Le Monde, UOL, Gazeta do Povo, The Intercept, Deutsche Welle ■