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Desde setembro de 2025, o governo dos Estados Unidos iniciou uma série de operações militares no Mar do Caribe e no Pacífico Oriental, justificando-as como um combate frontal ao narcotráfico. No entanto, a estratégia, que já resultou em mais de 80 mortes e pelo menos 21 embarcações atacadas, gera profundas controvérsias no direito internacional, provoca o colapso da economia pesqueira local e omite a complexa teia criminosa que afirma combater, conforme revelado por uma reportagem do Fantástico de 23 de novembro.
Os ataques, anunciados publicamente pelo secretário de Guerra norte-americano, Pete Hegseth, são caracterizados por uma retórica belicista. Hegseth chegou a declarar, em uma rede social, que a mensagem para os "narcoterroristas" é clara: "se continuarem traficando drogas mortais, nós os mataremos". No entanto, essa política tem um custo humano direto e documentado:
Um dos aspectos mais críticos é a completa ausência, na reportagem do Fantástico, da principal justificativa utilizada pelo governo Trump para escalada militar: o combate ao Cartel de los Soles. Esta organização, que os EUA designaram como uma Organização Terrorista Estrangeira, é acusada de ser liderada pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro e de ter "corrompido as instituições do governo da Venezuela". Os Estados Unidos afirmam que o Cartel de los Soles trabalha em conjunto com o Tren de Aragua para enviar narcóticos para seu território.
Enquanto a justificativa oficial fica em segundo plano, a reportagem joga luz sobre a ameaça concreta que se expande pelo território brasileiro: o Tren de Aragua (TDA). Esta facção venezuelana, que nasceu em uma penitenciária e se aproveitou da crise humanitária para se internacionalizar, já está consolidada em Roraima.
A análise crítica evidencia um paradoxo perigoso. A intervenção militar dos EUA, justificada por uma narrativa de guerra ao narcotráfico associada ao Cartel de los Soles, mostrou-se ineficaz e contraproducente. Ela gera instabilidade, vitima civis e não aborda a complexidade do crime organizado na região.
Paralelamente, a verdadeira ameaça criminosa, o Tren de Aragua, continua a se expandir pelo Brasil, aprofundando suas raízes por meio de alianças com facções locais e explorando a mesma vulnerabilidade social que a crise política e econômica venezuelana ajudou a criar. A operação militar, portanto, não only falha em resolver o problema declarado como também, ao fechar rotas marítimas e aumentar a pressão, pode inadvertidamente incentivar que grupos como o TDA intensifiquem rotas terrestres alternativas pelo Norte do Brasil, aprofundando a violência e a infiltração criminal no território nacional.
Com informações de Agência Brasil, CNN Brasil, Correio Braziliense, Fantástico - TV Globo, Folha de S.Paulo, Gazeta do Povo, G1, MidiaNews, Agência Senado ■