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Venezuela destrói acampamentos de "terroristas narcotraficantes"
Operação militar no estado do Amazonas ocorre no contexto de crescente escalada das forças norte-americanas no Caribe, que acusam o governo de Nicolás Maduro de liderar cartel de drogas
America do Sul
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRJnaV29aBwtEbG-4tQgsnvOstm9lKkoWsLFg&s
■   Bernardo Cahue, 23/11/2025

As Forças Armadas da Venezuela destruíram dois acampamentos logísticos de grupos que classificam como "Terroristas Armados Narcotraficantes da Colômbia (Tancol)" no estado do Amazonas, no sul do país. A informação foi divulgada pelo general Domingo Hernández Lárez, chefe do Comando Estratégico das Forças Armadas, através do Telegram.

De acordo com o comunicado militar, nos acampamentos foram encontrados panfletos da guerrilha colombiana Exército de Libertação Nacional (ELN). Entre o material apreendido estão munições, veículos todo-terreno, coletes táticos e combustível. Esta não é a primeira operação do tipo anunciada recentemente; no início de outubro, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, já havia anunciado a destruição de acampamentos nos estados de Bolívar e Zulia, pertencentes a grupos "narcoterroristas" do ELN e das Farc colombianas.

Essas operações antidrogas ocorrem em um momento de alta tensão entre Venezuela e Estados Unidos. O governo de Donald Trump vem reforçando sua presença militar no Caribe desde agosto, com o argumento de combater cartéis de drogas que associa ao presidente venezuelano Nicolás Maduro. Maduro nega veementemente as acusações e defende que a Venezuela é um território livre de cultivos ilícitos, afirmando que apenas uma fração mínima da droga produzida na Colômbia passa por seu território. Ele acusa os EUA de usar a luta contra as drogas como pretexto para um plano de derrubá-lo.

Enquanto a Venezuela exibe suas operações, forças dos EUA confirmaram, desde 2 de setembro, bombardeios a pelo menos 14 embarcações suspeitas de transportar drogas, resultando em mais de 60 mortos, segundo Washington. O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, anunciou na última quinta-feira (13) o início da Operação "Lança do Sul" para expulsar os "narcoterroristas" do hemisfério, marcando uma escalada contínua no ritmo dos ataques.

Este deslocamento militar norte-americano inclui o envio do porta-aviões USS Gerald R. Ford para o Caribe, que conta com 5.000 marinheiros e mais de 75 aeronaves, representando o maior destacamento militar na região em décadas. Analistas ouvidos pela BBC News Brasil consideram que o horizonte de um conflito entre os dois países está mais próximo do que nunca, o que traria impactos profundos para todo o continente, incluindo o Brasil.

Contrapondo a narrativa norte-americana, um artigo assinado por Pino Arlacchi, ex-diretor executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), afirma que os dados internacionais "desmantelam peça por peça a invenção geopolítica" em torno do "Cártel de los Soles". De acordo com o Informe Mundial sobre Drogas 2025 da UNODC, apenas cerca de 5% da droga colombiana transita pela Venezuela, que é um território livre de cultivos de coca.

As tensões geopolíticas criam um cenário complexo para a região. Especialistas apontam que uma intervenção norte-americana ou uma guerra civil na Venezuela poderia gerar uma crise humanitária de grandes proporções, com um aumento dramático do fluxo migratório para países vizinhos, sobrecarregando serviços públicos e potencializando tensões sociais, além de ampliar os riscos de crime transnacional na extensa fronteira com o Brasil.

Com informações de: BBC.com, Correio Braziliense, Esquerda Web, Estrategia.la, Estadão.com ■