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Banco Master é liquidado e dono é preso tentando deixar o país
Operação "Compliance Zero" investiga emissão de títulos falsos; BC decreta fim do banco após insolvência irrecuperável e graves irregularidades
America do Sul
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTq9dBAtZP04tE79y4mFi12CE5H-qr_q_qzlg&s
■   Bernardo Cahue, 18/11/2025

Numa guinada dramática, a crise do Banco Master culminou com a liquidação extrajudicial do banco pelo Banco Central e a prisão de seu controlador, Daniel Vorcaro, pela Polícia Federal. Ele foi detido no Aeroporto de Guarulhos na noite de segunda-feira (17) quando tentava embarcar em um avião particular com destino a Malta, horas após o anúncio da venda da instituição para um consórcio de investidores.

Operação policial e fuga frustrada

A prisão de Vorcaro foi executada no âmbito da Operação Compliance Zero, deflagrada nesta terça-feira (18) para combater crimes contra o sistema financeiro. A PF cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 25 de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.

De acordo com investigadores, não há dúvidas de que Vorcaro estava em fuga. Ele saiu do banco em São Paulo na tarde de segunda-feira, pegou um helicóptero até o Aeroporto de Guarulhos e seguiu direto para o terminal de aviação executiva. A PF decidiu antecipar a prisão, inicialmente prevista para terça, diante do risco iminente de ele deixar o país.

O fim do Banco Master

Em movimento simultâneo, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master e de sua corretora de câmbio. A medida, assinada pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo, é a mais drástica para uma instituição financeira, equivalente a uma falência administrativa, e resulta na retirada definitiva do banco do Sistema Financeiro Nacional.

Com a liquidação, todas as negociações de venda em andamento foram automaticamente interrompidas, incluindo o anúncio feito um dia antes sobre a compra do Master por um consórcio liderado pelo grupo de investimento Fictor Holding Financeira, que previ a um aporte imediato de R$ 3 bilhões. O BC também tornou indisponíveis os bens dos controladores e ex-administradores do banco.

Crimes e irregularidades investigadas

A operação da PF investiga uma série de ilícitos cometidos contra o sistema financeiro. As investigações, iniciadas em 2024 a pedido do Ministério Público Federal, apuram:

  • A fabricação de carteiras de crédito insubsistentes (títulos falsos), que eram vendidos a outros bancos.
  • A emissão de títulos de crédito com juros irreais, que o banco não teria condições de honrar.
  • Crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa.

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que as investigações apontam uma suspeita de fraude de R$ 12 bilhões contra o sistema financeiro nacional. O modelo de negócios do Master era considerado problemático, baseado na captação agressiva de recursos via CDBs que pagavam taxas de até 140% do CDI, muito acima do mercado, lastreados em investimentos de alto risco, como precatórios.

Proteção a correntistas e investidores

Com a liquidação, os clientes do Banco Master passam a ter seus créditos protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O fundo garante o pagamento de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ. A cobertura vale para:

  • Saldos em conta corrente e poupança.
  • Aplicações em CDB e RDB.
  • Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA).

Valores que ultrapassem o limite de R$ 250 mil precisarão ser solicitados no processo de liquidação, no qual os investidores se habilitarão como credores, sem garantia de recebimento integral. O Banco Central nomeou a empresa EFB Regimes Especiais de Empresas Ltda como liquidante, responsável por vender os ativos do banco e administrar o pagamento aos credores, seguindo a ordem de prioridade da lei.

Antecedentes de uma crise anunciada

A crise do Banco Master não é recente. A instituição já enfrentava risco de falência devido ao alto custo de captação e a investimentos arriscados. Em setembro, o BC havia bloqueado a venda do Master para o BRB (Banco de Brasília) após meses de análise. Naquele acordo, que sofreu sucessivas revisões e reduções de escopo, o BRB chegaria a adquirir apenas R$ 25 bilhões em ativos, deixando de fora um pacote problemático de R$ 48 bilhões. O FGC já havia concedido um empréstimo de liquidez de cerca de R$ 4 bilhões ao Master para mantê-lo funcionando.

Com informações de: CNN Brasil, Gov.br PF, Portal OZK, G1, CBN, IstoÉ Dinheiro, Gazeta do Povo, UOL, Valor International ■