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Numa guinada dramática, a crise do Banco Master culminou com a liquidação extrajudicial do banco pelo Banco Central e a prisão de seu controlador, Daniel Vorcaro, pela Polícia Federal. Ele foi detido no Aeroporto de Guarulhos na noite de segunda-feira (17) quando tentava embarcar em um avião particular com destino a Malta, horas após o anúncio da venda da instituição para um consórcio de investidores.
A prisão de Vorcaro foi executada no âmbito da Operação Compliance Zero, deflagrada nesta terça-feira (18) para combater crimes contra o sistema financeiro. A PF cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 25 de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.
De acordo com investigadores, não há dúvidas de que Vorcaro estava em fuga. Ele saiu do banco em São Paulo na tarde de segunda-feira, pegou um helicóptero até o Aeroporto de Guarulhos e seguiu direto para o terminal de aviação executiva. A PF decidiu antecipar a prisão, inicialmente prevista para terça, diante do risco iminente de ele deixar o país.
Em movimento simultâneo, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master e de sua corretora de câmbio. A medida, assinada pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo, é a mais drástica para uma instituição financeira, equivalente a uma falência administrativa, e resulta na retirada definitiva do banco do Sistema Financeiro Nacional.
Com a liquidação, todas as negociações de venda em andamento foram automaticamente interrompidas, incluindo o anúncio feito um dia antes sobre a compra do Master por um consórcio liderado pelo grupo de investimento Fictor Holding Financeira, que previ a um aporte imediato de R$ 3 bilhões. O BC também tornou indisponíveis os bens dos controladores e ex-administradores do banco.
A operação da PF investiga uma série de ilícitos cometidos contra o sistema financeiro. As investigações, iniciadas em 2024 a pedido do Ministério Público Federal, apuram:
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que as investigações apontam uma suspeita de fraude de R$ 12 bilhões contra o sistema financeiro nacional. O modelo de negócios do Master era considerado problemático, baseado na captação agressiva de recursos via CDBs que pagavam taxas de até 140% do CDI, muito acima do mercado, lastreados em investimentos de alto risco, como precatórios.
Com a liquidação, os clientes do Banco Master passam a ter seus créditos protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O fundo garante o pagamento de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ. A cobertura vale para:
Valores que ultrapassem o limite de R$ 250 mil precisarão ser solicitados no processo de liquidação, no qual os investidores se habilitarão como credores, sem garantia de recebimento integral. O Banco Central nomeou a empresa EFB Regimes Especiais de Empresas Ltda como liquidante, responsável por vender os ativos do banco e administrar o pagamento aos credores, seguindo a ordem de prioridade da lei.
A crise do Banco Master não é recente. A instituição já enfrentava risco de falência devido ao alto custo de captação e a investimentos arriscados. Em setembro, o BC havia bloqueado a venda do Master para o BRB (Banco de Brasília) após meses de análise. Naquele acordo, que sofreu sucessivas revisões e reduções de escopo, o BRB chegaria a adquirir apenas R$ 25 bilhões em ativos, deixando de fora um pacote problemático de R$ 48 bilhões. O FGC já havia concedido um empréstimo de liquidez de cerca de R$ 4 bilhões ao Master para mantê-lo funcionando.
Com informações de: CNN Brasil, Gov.br PF, Portal OZK, G1, CBN, IstoÉ Dinheiro, Gazeta do Povo, UOL, Valor International ■