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Rússia condena ações militares dos EUA no Caribe e reafirma apoio integral à Venezuela
Declarações oficiais de Moscou classificam operação "Lança do Sul" como ingerência e violação do direito internacional, em meio a maior mobilização militar norte-americana na região em décadas
America do Sul
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■   Bernardo Cahue, 14/11/2025

O governo russo manifestou publicamente nesta sexta-feira, 14 de novembro, seu firme respaldo à Venezuela e expressou "extrema preocupação" com as ações militares dos Estados Unidos no sul do Caribe, as quais qualificou como uma ingerência direta nos assuntos internos dos Estados da região. A posição foi defendida pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, María Zajárova, que alertou para o risco de uma escalada desastrosa.

Zajárova enfatizou em coletiva de imprensa que Moscou se opõe firmemente ao uso da luta contra as drogas como "ferramenta de pressão contra Estados soberanos" e ao uso da força por parte de Washington contra Caracas. A diplomata afirmou que essas ações "contradizem diretamente as obrigações legais internacionais dos Estados Unidos" perante a Convenção da ONU de 1988 contra o Tráfico Ilícito de Estupefacientes. Ela ainda instou os EUA a buscar os responsáveis pelo narcotráfico dentro de suas próprias elites, questionando quem teria normalizado o consumo de drogas na sociedade estadunidense.

O anúncio russo ocorre no contexto do lançamento da Operação "Lança do Sul" ("Southern Spear"), anunciada na quinta-feira, 13 de novembro, pelo secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth. A missão, conforme ele, visa "eliminar os narcoterroristas de nosso hemisfério e proteger nossa pátria das drogas que estão matando nossa gente".

Apoio russo e cooperação com a Venezuela

Além do Ministério das Relações Exteriores, o Parlamento russo (Duma Estatal) também manifestou seu apoio a Caracas. Na terça-feira, a Duma aprovou por unanimidade um pronunciamento dirigido aos parlamentos dos Estados membros da ONU e a organizações internacionais, alertando sobre a escalada de tensões no Caribe. O governo venezuelano, por meio de seu chanceler Yván Gil, já havia agradecido publicamente o respaldo do legislativo russo, destacando-o como uma mostra de firme solidariedade na defesa da soberanía nacional.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, expressou na sexta-feira que a Rússia "espera que os EUA não tomem medidas que possam desestabilizar a situação na região do Caribe e em torno da Venezuela", acrescentando que qualquer ação deve ser realizada de acordo com o direito internacional. Enquanto isso, o chanceler Serguéi Lavrov negou que a Venezuela tenha feito um pedido formal de ajuda militar, mas reafirmou que a Rússia "está preparada para cumprir plenamente com as obrigações" consagradas no acordo estratégico com o país sul-americano.

A escalada militar no Caribe

A crise teve início em agosto de 2025, quando os Estados Unidos iniciaram um significativo aumento de sua presença naval no sul do Caribe, justificando-a como parte da luta contra o narcotráfico. Desde então, os militares norte-americanos realizaram uma série de ataques a embarcações suspeitas:

  • Mais de 70 mortos: Os bombardeios contra presuntas lanchas narcotraficantes no mar do Caribe e no oceano Pacífico resultaram em mais de 70 mortos, segundo informações das próprias autoridades. Um relatório da Associated Press, citado na Wikipédia, indica que vários dos mortos eram pescadores ou trabalhadores pobres da Venezuela.
  • Primeiro ataque: A primeira operação da campanha ocorreu em 2 de setembro, com um ataque que afundou uma embarcação e matou 11 pessoas, supostamente membros do grupo Tren de Aragua.
  • Condenações internacionais: O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os ataques, e especialistas internacionais os classificaram como "execuções sumárias" que violam o direito internacional.

O desdobramento militar norte-americano é o maior em décadas na região e inclui :

  • O porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior do mundo, que se juntou à frota esta semana.
  • Vários destroyers e navios de assalto anfíbio.
  • Um submarino de ataque de propulsão nuclear.
  • Caças F-35 e drones MQ-9 Reaper baseados em Porto Rico.

Resposta venezuelana e contexto geopolítico

Em resposta à pressão, o governo do presidente Nicolás Maduro ordenou a mobilização de todos os recursos militares do país, incluindo a Milícia Bolivariana, em um exercício de defesa integral. Maduro afirmou que, se o país for atacado, "declararia constitucionalmente uma república em armas".

Especialistas e fontes da oposição venezuelana, citados na Wikipédia em inglês, acreditam que o objetivo real da operação dos EUA pode ser forçar a saída de figuras-chave do governo Maduro, utilizando ataques direcionados para pressionar a liderança venezuelana. A administração Trump já havia designado o chamado "Cartel de los Soles", supostamente ligado ao alto governo venezuelano, como uma organização terrorista.

Com informações de: teleSUR, Wikipedia, France 24, Correo del Orinoco, CNN Español, Infobae, RT, BBC. ■