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O governo dos Estados Unidos, sob a administração do presidente Donald Trump, divulgou as primeiras imagens do grupo de ataque do porta-aviões USS Gerald Ford navegando na região da América Latina, em uma demonstração de força que eleva a um patamar histórico as tensões com o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Os destróieres USS Winston Churchill, USS Mahan e USS Bainbridge foram fotografados navegando em formação com o porta-aviões, acompanhados por aeronaves como jatos F-18 e um bombardeiro B-52 Stratofortress.
O secretário de Guerra americano, Pete Hegseth, anunciou na quinta-feira (13) o início da operação "Lança do Sul", uma iniciativa militar voltada ao combate de "narcoterroristas" na América Latina. A Casa Branca sustenta que suas ações na região têm como único objetivo combater os cartéis de drogas que enviam entorpecentes para os Estados Unidos, chegando a acusar Maduro de liderar pessoalmente o chamado Cartel de Los Soles.
A movimentação do grupo do USS Gerald Ford não é um ato isolado, mas sim o ápice de um cerco militar gradual. Desde agosto, os EUA vêm reforçando maciçamente sua presença no Caribe. Este contingente inclui:
Especialistas em relações internacionais e ciência política consultados pela imprensa avaliam que o emprego do maior porta-aviões do mundo tão perto da Venezuela é um "sinal inequívoco" de que Trump está disposto a utilizar a força militar contra Maduro. "Não está claro qual vai ser o próximo passo dos Estados Unidos, mas temos indícios cada vez mais fortes de que há, de fato, um planejamento para além da justificativa oficial de combate ao narcotráfico", disse Carolina Silva Pedroso, professora da Unifesp, à BBC News Brasil.
Em resposta à pressão americana, o governo venezuelano anunciou uma "mobilização maciça" de suas forças armadas. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, afirmou que forças terrestres, navais, aéreas, fluviais e de mísseis, bem como as milícias civis bolivarianas, foram acionadas para um exercício militar em todo o país para combater o que chamou de "ameaça imperialista". Maduro, que já havia feito um apelo em inglês pedindo "no crazy war, please" (nada de guerra louca, por favor), agora se prepara para um possível conflito.
A crise tem reverberado em toda a América Latina. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, participou de uma cúpula da Celac no domingo (9) e defendeu que a região é uma "zona de paz", afirmando que o problema venezuelano "é um problema político que deve ser resolvido na política". Lula já havia se oferecido como interlocutor para um diálogo entre EUA e Venezuela. Analistas apontam que um conflito aberto poderia ter sérios impactos para o Brasil, incluindo o agravamento de uma crise humanitária e um aumento no fluxo de refugiados venezuelanos pela fronteira, além de instabilidade regional e riscos de militarização.
As ações dos EUA na região representam uma mudança radical na política de segurança. O governo Trump justifica os ataques letais a embarcações — que já mataram pelo menos 76 pessoas, segundo dados americanos — com o argumento de que o país está em "conflito armado" com os cartéis, tratando-os como organizações terroristas, o que, na visão da Casa Branca, dispensaria processos judiciais formais. Líderes regionais, juristas e grupos de direitos humanos, como a Anistia Internacional, condenaram esses ataques como execuções extrajudiciais ilegais.
Internamente, uma pesquisa Reuters/Ipsos revelou que apenas 29% dos americanos apoiam o uso das Forças Armadas para matar suspeitos de narcotráfico sem o devido processo legal, enquanto 51% se opõem à prática. A Rússia, aliada de Caracas, denunciou os ataques a embarcações como ilegais e "inaceitáveis", com o chanceler Serguei Lavrov questionando o "pretexto para combater as drogas".
Com informações de: G1, DW, Veja, BBC, CNN. ■