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Em um comunicado contundente, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os ataques realizados pelos Estados Unidos contra embarcações no Caribe e no Pacífico, classificando-os como "execuções extrajudiciais" e exigindo a sua imediata interrupção.
As declarações de Türk, divulgadas nesta sexta-feira (31), marcam a primeira manifestação formal das Nações Unidas sobre as operações militares ordenadas pelo governo do presidente Donald Trump em águas internacionais próximas à Venezuela e Colômbia, que se iniciaram em setembro.
"Esses ataques, com seu crescente custo humano, são inaceitáveis", afirmou o alto comissário. "Os Estados Unidos devem pôr fim a tais ataques e tomar todas as medidas necessárias para evitar as execuções extrajudiciais de pessoas a bordo dessas embarcações, independentemente de qualquer suposta atividade criminosa".
Os ataques, que têm como justificativa oficial o combate ao narcotráfico, já resultaram em um significativo número de vítimas fatais. De acordo com os relatos, até o momento 15 embarcações foram atingidas – oito no Caribe e sete no Pacífico – com um balanço de mais de 50 mortos. Outras fontes, citando dados divulgados pelo Pentágono, elevam o número de mortos para 62. Parentes de algumas vítimas afirmam que se tratava apenas de pescadores.
Volker Türk fundamentou a forte condenação no direito internacional. Ele enfatizou que o "uso intencional da força letal" só é permitido como último recurso contra indivíduos que representem uma "ameaça iminente à vida".
Com base nas informações públicas disponíveis, o alto comissário afirmou que nenhum dos indivíduos a bordo das embarcações atacadas parecia representar essa ameaça iminente, e que as mortes ocorreram em circunstâncias injustificáveis perante a lei internacional. Türk também pediu investigações rápidas, independentes e transparentes sobre todos os incidentes.
O governo Trump defende as operações como uma ação necessária contra cartéis de drogas latino-americanos, aos quais designou como organizações terroristas. Autoridades americanas, incluindo o secretário de Defesa, Pete Hegseth, compararam esses grupos à Al Qaeda, prometendo persegui-los e eliminá-los.
No entanto, dados da própria ONU enfraquecem a narrativa principal por trás dos ataques. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 aponta que o fentanil, principal responsável pelas overdoses nos EUA, tem origem no México, e não na Venezuela, que praticamente não participa do contrabando dessa substância para território americano.
Enquanto isso, a tensão na região continua a aumentar. Relatos indicam que o governo Trump está considerando bombardear alvos militares dentro da Venezuela, supostamente utilizados para o tráfico de drogas, o que representaria uma significativa escalada do conflito.
Com informações de: CNN Brasil, Estadão, G1, InfoMoney, O Globo, VEJA. ■