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Brasil sobe na lista de tarifas de Trump enquanto acordo beneficia China
Em meio a uma guerra comercial, EUA reduzem alíquotas para produtos chineses, mas mantêm taxas de até 50% sobre importações do Brasil, que busca negociar uma solução
Internacional
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ3Ry7UTpRbdAYU99f7Et7Oh57X_WG9f3NJ0w&s
■   Bernardo Cahue, 31/10/2025

Um recente acordo comercial entre os Estados Unidos e a China resultou na redução das tarifas de importação que o país asiático enfrentava, uma medida que, em contrapartida, colocou o Brasil em posição de desvantagem. Enquanto as alíquotas sobre produtos chineses caíram de 57% para 47%, os produtos brasileiros continuam sujeitos a taxas de até 50% para entrar no mercado norte-americano.

O governo brasileiro, por meio do Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, segue em tramitações e interlocuções com a equipe do presidente Donald Trump para negociar uma saída para o impasse. Em discurso na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o ministro reafirmou a disposição do Brasil para o diálogo, destacando que a relação comercial entre os dois países é benéfica para os EUA, que acumulam superávits recorrentes na balança com o Brasil.

As justificativas dos EUA para a medida contra o Brasil não são totalmente claras, mas fontes indicam que estariam relacionadas a "ações do país relativas ao ex-presidente Jair Bolsonaro". Em contraste, o acordo com a China envolveu não apenas a redução tarifária, mas também compromissos adicionais de Pequim, como a compra de soja dos EUA e o combate ao comércio ilícito de fentanil.

Os impactos das altas tarifas para a economia brasileira são significativos e variam conforme o setor:

  • Suco de laranja: Setor que envia 41,7% de suas exportações para os EUA alerta que a tarifa criaria uma "condição insustentável", podendo paralisar o comércio e desorganizar a cadeia produtiva.
  • Bens industrializados e de alta tecnologia: Produtos como autopeças e aviões, emblemáticos na pauta de exportações para os EUA, teriam grande dificuldade para serem redirecionados para outros mercados.
  • Café: Embora os EUA possam ter dificuldade em substituir o Brasil (seu maior fornecedor), o resultado final pode ser um preço mais alto para o consumidor americano.

Apesar de a China ter se mostrado disposta a cooperar com o Brasil para defender o sistema multilateral de comércio, especialistas são céticos sobre a possibilidade de o país asiático se tornar uma alternativa para absorver os produtos brasileiros afetados. As pautas de exportação para cada um dos dois parceiros são muito diferentes: os EUA compram mais bens manufaturados e industriais do Brasil, enquanto a China concentra suas importações em commodities como soja, petróleo e minério de ferro. Circulou nas redes sociais a notícia falsa de que Brasil e China teriam fechado um acordo comercial de 20 anos em resposta às tarifas de Trump, o que foi desmentido por veículos de checagem.

O ministro Mauro Vieira, em suas intervenções, tem enfatizado que o Brasil busca uma conversa séria com base nos fatos, que demonstram uma relação comercial equilibrada e vantajosa para os norte-americanos. Em meio a um cenário global de crise do multilateralismo e de utilização de tarifas como instrumento de pressão, o Brasil defende a diplomacia e a solução pacífica de controvérsias.

Com informações de: BBC.com, G1, Gov.br - Ministério das Relações Exteriores, BRICS, Liberdadeab.com.br ■