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EUA atacam embarcações no Pacífico: 14 mortos
Ofensiva militar, que já se estende do Caribe ao Pacífico oriental, resulta em dezenas de mortos e sobreviventes liberados sem acusações, levantando questionamentos sobre a estratégia
America do Sul
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■   Bernardo Cahue, 28/10/2025

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou nesta terça-feira (28) que as forças norte-americanas realizaram três ataques letais contra quatro embarcações no leste do Oceano Pacífico, supostamente envolvidas no tráfico de drogas. O saldo foi de 14 mortos e um sobrevivente, que foi entregue às autoridades mexicanas para resgate.

Em publicação na rede social X, Hegseth afirmou que as embarcações eram "operadas por Organizações Terroristas Designadas (DTO)" e que foram identificadas pelos serviços de inteligência dos EUA enquanto "transitavam por rotas conhecidas do narcotráfico". Esta foi a primeira vez que múltiplos ataques foram confirmados em um único dia, marcando uma escalada significativa no ritmo das operações navais iniciadas em setembro.

Estes últimos ataques elevam para pelo menos 57 o número total de mortos na ofensiva militar que o governo Trump conduz contra o narcotráfico em águas internacionais. A campanha, que começou no Caribe, expandiu-se recentemente para o Pacífico Oriental, uma rota principal para o contrabando de cocaína produzida na Colômbia e no Peru.

Contradições e Críticas da Estratégia Militar

A conduta dos Estados Unidos em ataques anteriores tem sido marcada por episódios que contradizem a narrativa oficial de estar alvejando exclusivamente "narcoterroristas".

  • Sobrevivente Equatoriano Liberado: Um sobrevivente de um ataque a um narcosubmarino no Caribe foi repatriado para o Equador e imediatamente liberado pelas autoridades locais. A Fiscalía equatoriana afirmou que o homem não tinha "processos pendentes" no país e que não havia notícia de que ele houvesse cometido algum delito em território equatoriano.
  • Repatriação sem Julgamento nos EUA: De acordo com a Associated Press, o governo americano não tentou processar judicialmente os ocupantes das embarcações atacadas. Após um ataque anterior, dois sobreviventes foram simplesmente repatriados para seus países de origem, Equador e Colômbia, sem que os EUA apresentassem acusações formais contra eles.
  • Questionamentos sobre as Vítimas: Os sucessivos ataques têm sido realizados sem que o governo Trump apresente publicamente provas que comprovem suas alegações sobre os barcos, sua conexão com cartéis de drogas ou a identidade das pessoas mortas. A Venezuela e a Colômbia já condenaram as ações, classificando-as como execuções extrajudiciais.

Preocupações Legais e Políticas

A ofensiva militar tem enfrentado crescente escrutínio e preocupação por parte de legisladores e especialistas. Senadores democratas, como Richard Blumenthal, membro da Comissão de Serviços Armados, manifestaram alarme com a falta de informações e a justificativa legal para os ataques. Blumenthal argumentou que a expansão geográfica da campanha "simplesmente expande a ilegalidade e a imprudência" no uso das forças armadas.

Especialistas apontam que a forma de combater o tráfico deveria passar por deter as embarcações e interrogar seus ocupantes para rastrear a fonte das drogas, e não simplesmente destruir os contrabandistas, que provavelmente estão no final da cadeia. Enquanto isso, o presidente Trump sinalizou que a campanha pode se expandir para ataques em terra firme no futuro, afirmando que "os golpearemos muito forte quando vierem por terra".

Enquanto a Casa Branca mantém sua postura ofensiva, os episódios de sobreviventes liberados por falta de base criminal colocam em xeque a eficácia e os fundamentos da estratégia, que segue ampliando seu alcance e número de vítimas.

Com informações de: CNN Español, DW, O Globo, Associated Press, Infobae.■