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Paz é eleito presidente e encerra era de 20 anos da esquerda na Bolívia
Ex-presidente Evo Morales vota como foragido em meio a mandado de prisão
America do Sul
Foto: https://www.estadao.com.br/resizer/v2/TSHRKDUZOJAKZKMTXAXV7SM2RU.jpg?quality=80&auth=39509feacc449d578802c5b289959e77df66db9e1a396ad30a0708a63602c22c&width=380
■   Bernardo Cahue, 19/10/2025

O senador Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), foi eleito o novo presidente da Bolívia neste domingo (19), marcando o fim de um ciclo de quase 20 anos de governos de esquerda no país. Com mais de 97% das atas apuradas, Paz obteve 54,49% dos votos válidos, derrotando o ex-presidente Jorge "Tuto" Quiroga, que ficou com 44,5% dos votos. O presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) classificou a tendência como "irreversível".

Enquanto os bolivianos decidiam seu novo rumo político, o ex-presidente Evo Morales, que governou o país de 2006 a 2019, votou de forma atípica. Ele emitiu seu voto no vilarejo de Villa 14 de Septiembre, na região de Chapare, em Cochabamba, protegido por uma guarda indígena e foragido da justiça. Morales é alvo de um mandado de prisão por um caso de tráfico de menor de idade, acusação que ele nega.

Uma Eleição Histórica

O pleito foi marcado por dois eventos inéditos:

  • Foi a primeira vez na história do país que um segundo turno foi necessário para definir a Presidência.
  • Pela primeira vez em duas décadas, o Movimento ao Socialismo (MAS), partido fundado por Morales, ficou fora da disputa presidencial no segundo turno.

O Voto de um Líder Foragido

Apesar de não poder concorrer devido a uma decisão judicial que proíbe mais de uma reeleição, Evo Morales manteve influência no processo eleitoral. Durante toda a campanha, ele coordenou um movimento de protesto que pedia o voto nulo, que atingiu a marca recorde de 19,2% no primeiro turno. Após votar, Morales declarou à imprensa que o fez por obrigação, mas que os candidatos não representavam o povo. Em agosto, ele já havia alertado que permaneceria no país para "batalhar nas ruas" se a direita assumisse o poder.

Desafios para o Novo Governo

Rodrigo Paz, economista de 58 anos e filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, herdará um país em grave crise econômica. Os principais desafios de seu governo, que começa em 8 de novembro, incluem:

  • Conter a inflação de 23% registrada em setembro.
  • Reversão da recessão econômica, com o Banco Mundial projetando contração até 2027.
  • Resolver o déficit fiscal, que beira 5% do PIB.
  • Combater uma economia informal que atinge cerca de 70% dos trabalhadores.
  • Acabar com o cenário de escassez de combustíveis e longas filas nos postos.

Em sua campanha, Paz defendeu uma abordagem de "capitalismo para todos", prometendo descentralização do Estado, impostos mais baixos, disciplina fiscal e a manutenção de programas sociais. Ele afirmou que não solicitará novos créditos internacionais até reestruturar as finanças internas do país.

Com informações de: O Globo, CNN Brasil, BBC, G1, RTP, Swissinfo. ■