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Manifestantes invadem agência de deficiência na Argentina em protesto contra cortes do governo Milei
Protesto por lei de emergência não implementada termina com entrada forçada em edifício público e tensão com a polícia
America do Sul
Foto: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRNQVRd57gZPzmHyLMEK8EDwAXjjv9rfHRkFw&s
■   Bernardo Cahue, 17/10/2025

Um grupo de aproximadamente 200 manifestantes, incluindo familiares de pessoas com deficiência, prestadores de serviços e profissionais de saúde, invadiram por força a sede da Agência Nacional de Deficiência (ANDIS) em Buenos Aires nesta sexta-feira. O ato foi um protesto contra a falta de implementação da Lei de Emergência em Deficiência, que foi aprovada pelo Congresso, mas teve sua execução suspensa pelo governo do presidente Javier Milei.

Os manifestantes, que descrevem a situação como "desesperadora", inicialmente tentaram entregar um petição às autoridades da agência, mas foram ignorados. A negociação posterior com o interventor do órgão, Alejandro Vilches, foi considerada um fracasso, pois ele não se comprometeu com convocar uma reunião do directorio para tratar dos aumentos nas prestações, mencionando que talvez o fizesse apenas depois das eleições .

O que os manifestantes exigem

Os principais pontos de reivindicação dos protestos são:

  • A implementação imediata da Lei de Emergência em Deficiência, que foi promulgada mas suspensa pelo governo.
  • A atualização dos valores das prestações básicas, que estão congelados há quase um ano, e o pagamento de compensações atrasadas.
  • Uma solução para o desfinanciamento crónico do sector, que põe em risco a continuidade de serviços essenciais para milhões de argentinos.

Contexto político da crise

O conflito é parte de um embate maior entre o Poder Executivo e o Legislativo na Argentina. O Congresso aprovou a lei de emergência e, posteriormente, anulou o veto presidencial pela primeira vez em 22 anos, numa clara demonstração de força da oposição . No entanto, o governo Milei respondeu promulgando a lei através de um decreto que, ao mesmo tempo, suspendeu sua aplicação até que o Congresso especifique a fonte do financiamento dentro da discussão orçamentária . O governo argumenta que a medida é necessária para preservar o equilíbrio das contas públicas e o superávit fiscal.

Cenário de corrupção e descontentamento

A ANDIS já estava no centro de um escândalo de corrupção que envolvia seu ex-director, Diego Spagnuolo. Em áudios divulgados pela imprensa local, Spagnuolo alegava a existência de um esquema de propinas na compra de medicamentos para pessoas com deficiência que supostamente beneficiava Karina Milei, irmã do presidente . O caso levou à intervenção da agência e a investigações judiciais, aumentando a indignação da população e dos prestadores de serviços.

Impacto na população

Enquanto a disputa política continua, os efeitos na vida da população são concretos:

  • Prestadores de serviços como fonoaudiólogos e terapeutas tiveram actualizações salariais muito abaixo da inflação, que acumula 224% desde que Milei assumiu, em Dezembro de 2023.
  • Relatos de familiares indicam que pessoas com deficiência estão a ficar sem terapias completas, medicamentos e têm enfrentado a retirada de pensões não contributivas.

Com informações de: AP News Argentina, Brasil de Fato, ensegundos.com.pa, Infobae, La Nación, Página 12, RTP. ■