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Argentina vive dia de protestos pró e contra Milei
Enquanto opositores marcham contra a crise econômica e a repressão, grupos se mobilizam em apoio à política externa do presidente
America do Sul
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■   Bernardo Cahue, 10/10/2025

Buenos Aires foi palco de grandes manifestações com narrativas opostas neste sábado. Enquanto uma mobilização na Plaza de Mayo expressava solidariedade à política internacional do governo Javier Milei, a capital argentina também via crescerem os protestos de oposição que pedem a renúncia do presidente, em um contexto de aguda crise inflacionária e forte ajuste fiscal.

Uma coalizão de sindicatos e organizações sociais convocou uma greve geral de 24 horas, concentrando-se em frente ao Congresso Nacional. Os manifestantes exigem uma mudança nas políticas de ajuste econômico do governo, que, segundo eles, geraram demissões em massa, uma queda no consumo por 15 meses consecutivos e um aumento da pobreza. Os aposentados, descritos como um dos grupos mais afetados pelos cortes, são vozes ativas nesses protestos.

Esse descontentamento social ocorre em um momento de incerteza econômica. Embora o governo de Milei tenha conseguido reduzir a inflação anual de 211% em 2023 para 118% em 2024, a economia agora mostra sinais de estagnação. O modelo de contenção inflacionária, que incluiu taxas de juros de até 80%, paralisou o crédito e a atividade econômica, ameaçando reverter os ganhos iniciais e aprofundar a recessão.

Paralelamente, um outro grupo se reuniu na mesma cidade para um ato de apoio ao governo. Os participantes marcharam com críticas à indústria armamentista israelense e em solidariedade à população de Gaza, aproveitando para defender a posição do presidente Milei em relação ao conflito. Eles carregavam cartazes com os dizeres: "Las armas que matan en Palestina reprimen en Argentina", denunciando os vínculos entre as forças de segurança argentinas e Israel.

O cenário de protestos é marcado ainda por relatos de repressão policial. Um informe da Comissão Provincial por la Memoria indica que, apenas no primeiro semestre de 2025, 1.251 pessoas foram feridas ou detidas em manifestações em Buenos Aires, um número que já supera o total de todo o ano de 2024. Em um incidente recente, a polícia foi acusada de usar gás lacrimogêneo e balas de borracha contra uma marcha de aposentados, resultando em várias detenções e agressões, inclusive a jornalistas que cobriam o evento.

Com informações de: Folha de S.Paulo, El País, teleSUR, Andes-SN. ■