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A recente aprovação pela Câmara dos Deputados da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 14/21, que concede aposentadoria especial a agentes comunitários de saúde e de combate a endemias, reacendeu um debate crucial sobre como a imprensa brasileira enquadra pautas trabalhistas. Enquanto veículos influentes tratam a medida como "pauta-bomba", uma análise detalhada revela que a proposta é um reconhecimento justo e tardio dos riscos ocupacionais enfrentados por esses profissionais essenciais para o Sistema Único de Saúde (SUS).
O que realmente propõe a PEC 14/21
A PEC, aprovada de forma esmagadora com 426 votos a favor no segundo turno, estabelece um sistema de proteção social para estes profissionais, com os seguintes pontos centrais:
Insalubridade e periculosidade: a justificativa invisibilizada
O tratamento pejorativo dado pela grande mídia à PEC ignora solenemente a natureza extenuante e perigosa do trabalho desses agentes. O relator da proposta, deputado Antonio Brito (PSD-BA), descreve que "os ACS e ACE atuam diretamente em contato com comunidades, muitas das vezes em áreas de risco social e epidemiológico. Grande parte destes atua em situações extremamente precárias, tendo que caminhar longas distâncias debaixo de sol ou chuva, expostos a doenças tropicais e à violência urbana".
Esta exposição constante a agentes biológicos (em combate a endemias como dengue, zika e chikungunya), condições climáticas adversas e risco de violência caracterizam um trabalho com elevado grau de insalubridade e periculosidade, fatores tradicionalmente reconhecidos como justificativa para aposentadorias especiais em outras categorias, como policiais e mineiros.
O enquadramento midiático como "pauta-bomba" e a hipocrisia fiscal
O termo "pauta-bomba", utilizado para descrever a proposta, é parte de um repertório discursivo que visa deslegitimar conquistas trabalhistas, associando-as imediatamente a um suposto descontrole fiscal irresponsável. No entanto, esta crítica é seletiva:
Padrão de "canalhice": outros exemplos de criminalização de direitos
Este não é um caso isolado. O "conglomerado de imprensa" brasileiro mantém um histórico de posicionamento contrário a avanços sociais para trabalhadores:
O presidente da Câmara, Hugo Motta, resumiu o sentimento que a grande mídia ignora: a aprovação da PEC "mostra o reconhecimento do papel fundamental dos agentes comunitários de saúde e de endemia na saúde pública". Tratar a valorização de quem "anda de casa em casa, debaixo de sol e chuva" como um problema é, no mínimo, uma distorção grave da realidade e uma injustiça com quem sustenta a saúde pública no país. Algo bem diferente do que suscitaram, em suas coberturas, O Globo, CNN, Folha de São Paulo, Jornal A Tarde (BA) e Jornal de Brasília.
Com informações de: Agência Câmara Notícias, Gazeta do Povo, Valor Econômico, Migalhas, Muita Informação, Republicanos10.org.br ■