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Lula defende Estado palestino e soberania brasileira em discurso na ONU
Presidente brasileiro abriu Assembleia Geral com críticas ao veto no Conselho de Segurança e às sanções dos EUA, marcando posição de antagonismo em meio à pior crise diplomática bilateral em décadas
Internacional
Foto: https://static.poder360.com.br/2025/09/lula-durante-discurso-sobre-palestina-na-ONU-848x477.jpg
■   Bernardo Cahue, 23/09/2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou nesta terça-feira (23) na abertura do debate geral da 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em um contexto de tensão inédita com os Estados Unidos. Tradicionalmente, o Brasil é o primeiro país a se pronunciar no evento, seguido pela nação anfitriã, representada este ano por Donald Trump.

O discurso de Lula foi um contraponto à política do governo Trump, abordando temas sensíveis para a administração americana. A fala ocorreu menos de 24 horas após o anúncio de novas sanções dos EUA contra cidadãos brasileiros, incluindo a esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes, em retaliação à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Pontos cruciais do discurso na Assembleia Geral

  • Defesa da Soberania e Críticas ao Unilateralismo: Lula reforçou a defesa da soberania nacional e do multilateralismo, em clara resposta às tarifas de 50% impostas por Trump sobre produtos brasileiros e às sanções a autoridades. Ele criticou o protecionismo e a interferência em assuntos internos, defendendo o papel de instituições como a OMC.
  • Reforma da ONU e "Tirania do Veto": O presidente retomou crítica feita na véspera, ao apontar a "tirania do veto" no Conselho de Segurança como um obstáculo para a paz, referindo-se ao bloqueio norte-americano a resoluções sobre Gaza. Defendeu uma reforma da ONU para dar mais voz aos países do Sul Global.
  • Paz nas Guerras em Gaza e Ucrânia: Lula defendeu o diálogo e uma solução pacífica para os conflitos, com destaque para a implementação da solução de dois Estados para Israel e Palestina. Na véspera, em conferência específica, ele havia classificado a situação em Gaza como "genocídio".
  • Agenda Ambiental e COP30: O presidente destacou a crise climática e a importância da COP30, que será realizada em Belém em novembro, cobrando compromissos de países ricos. O tema é outro ponto de divergência com Trump, que retirou os EUA do Acordo de Paris.

Contexto de Crises

Analistas avaliam que Lula chega à Assembleia Geral em um momento delicado, considerado a pior crise nas relações Brasil-EUA em 201 anos. O governo brasileiro tentou negociar com a administração Trump, mas as conversas ficaram a cargo do secretário de Estado Marco Rubio e do próprio presidente americano, sem que fosse oferecido um canal de interlocução eficiente, o que gerou irritação no Planalto.

O discurso de Lula é visto como uma tentativa de marcar posição internacionalmente e também de se dirigir ao público interno, capitalizando politicamente o tema da soberania nacional frente à pressão americana.

Com informações de Agência Brasil, CartaCapital, G1, Gazeta do Povo e UOL. ■