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Dois caças F-16 da Força Aérea Venezuelana realizaram um sobrevoo próximo ao destroyer norte-americano USS Jason Dunham em águas internacionais do Caribe, em um ato que o Pentágono classificou como "altamente provocativo". O incidente ocorreu na quinta-feira (4) e amplia as tensões já acirradas entre os dois paÃses, que vivem um momento de alta hostilidade diplomática e militar.
O Departamento de Defesa dos EUA emitiu um comunicado alertando que "o cartel que governa a Venezuela é fortemente aconselhado a não perseguir qualquer esforço adicional para obstruir, dissuadir ou interferir nas operações de contra-narcóticos e contra-terrorismo realizadas pelos militares dos EUA". Em resposta, o governo venezuelano, até o momento, não se manifestou oficialmente sobre o ocorrido.
Este incidente é mais um capÃtulo na escalada de confrontação que se intensificou após o ataque ordenado pelo presidente Donald Trump na terça-feira (2), que teria supostamente resultado na morte de 11 pessoas em uma embarcação que os EUA alegavam ser vinculada ao grupo Tren de Aragua e ao narcotráfico.
A presença militar dos EUA na região inclui pelo menos sete navios de guerra, entre os quais o próprio USS Jason Dunham, além de um submarino nuclear e aeronaves de inteligência, totalizando mais de 4.500 militares deslocados. Embora Washington afirme que se trata de uma operação de combate ao tráfico de drogas, analistas e especialistas enxergam a movimentação como uma clássica demonstração de força com possÃveis intenções bélicas mais amplas.
Alan McPherson, professor de Relações EUA-América Latina na Temple University, afirma que o despliegue militar estadunidense é o maior na região desde 1965 e lembra os dias da "diplomacia de canhoneiras" de mais de um século atrás.
Stephen Donehoo, ex-oficial de inteligência militar dos EUA, pondera que, apesar do grande poderio, não se trata de uma força para invadir um paÃs, mas admite que pode haber missões mais precisas e diretas, como operações com drones armados no espaço aéreo venezuelano.
Enquanto isso, o governo de Nicolás Maduro se prepara para um possÃvel conflito. Maduro prometeu mobilizar mais de 4 milhões de milicianos em todo o território nacional, embora analistas questionem o número real e a capacidade de combate efetivo dessas forças. Ele ainda ameaçou declarar uma "república em armas" caso haja uma invasão estadunidense.
Além do aspecto militar, a estratégia de Trump inclui uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura de Maduro, acusado de ser "um dos traficantes de drogas mais poderosos do mundo". No entanto, especialistas e dados internacionais questionam as acusações:
Paradoxalmente, a pressão militar no Caribe pode estar desviando o tráfico de drogas para o oceano PacÃfico, onde o controle é menos rÃgido e as capacidades de monitoramento são limitadas. Especialistas equatorianos alertam que as redes criminosas podem redirecionar massivamente suas operações para portos como o de Guayaquil, no Equador, que já vive uma crise de segurança com altos Ãndices de homicÃdios e ameaças de gangs.
Mario Pazmiño, ex-chefe de Inteligência do Exército Equatoriano, afirmou à CNN: "O que vai acontecer é que, ao bloquear este corredor do Caribe, os traficantes evitarão continuar transportando drogas por essa rota, porque é mais perigoso e eles terão perdas maiores. Eles redirecionarão o fluxo de drogas".
Além dos riscos de escalada militar, especialistas legais questionam a legalidade do ataque estadunidense ao barco venezuelano. Brian Finucane, do International Crisis Group, afirmou que "a noção de que o contrabando de drogas autoriza você a usar a força letal em legÃtima defesa é ridÃcula. Não é reconhecida pelo direito internacional".
A sequência de eventos deixa claro que a administração Trump está disposta a adotar medidas agressivas em sua polÃtica externa para a região, mas as consequências – incluindo a possibilidade de uma guerra aberta, o desvio de rotas de drogas para o PacÃfico e o custo humanitário – ainda são imprevisÃveis.
Com informações de Reuters, CBS News, MSNBC, CNN, Time, Al Jazeera e BBC. ■