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Rússia e China fortalecem parceria energética com novo acordo de gás natural
Medida amplia fornecimento para a China e consolida reposicionamento estratégico russo no mercado asiático após sanções europeias
Internacional
Foto: https://media.cnn.com/api/v1/images/stellar/prod/gettyimages-2232556968.jpg?c=original&q=w_860,c_fill/f_avif
■   Bernardo Cahue, 02/09/2025

Em meio às restrições energéticas impostas pela União Europeia, a Rússia encontrou na China um parceiro estratégico para diversificar suas exportações de gás natural. Embora nenhum novo acordo específico tenha sido formalizado recentemente, as relações energéticas entre os dois países intensificaram-se como parte de uma estratégia broader de realinhamento geopolítico e económico.

Os principais aspetos desta cooperação incluem:

  • Aumento das exportações de gás natural liquefeito (GNL) russo para a China, aproveitando a infraestrutura existente e contratos de longo prazo;
  • Exploração de novas rotas de abastecimento, incluindo a Rota do Norte e conexões via Ásia Central;
  • Investimentos conjuntos em projetos de exploração e transporte de gás na Sibéria e no Ártico russo.

Este aprofundamento da cooperação ocorre num contexto em que a União Europeia avança com um plano abrangente para eliminar as importações de gás russo até ao final de 2027, conforme proposto pela Comissão Europeia em junho de 2025. A medida europeia inclui:

  • Proibição de novos contratos de gás a partir de 1 de janeiro de 2026;
  • Fim dos contratos de curto prazo até junho de 2026;
  • Eliminação progressiva de contratos de longo prazo até final de 2027.

A Rússia, que viu as suas exportações para a UE caírem de 40% para 11% do fornecimento total entre 2022 e 2025, voltou-se agressivamente para o mercado asiático. A China emergiu como destino crítico para compensar perdas revenueiras e manter a estabilidade económica nacional.

Paralelamente, discussões entre os Estados Unidos e a Rússia sobre um possível retorno do gás russo ao mercado europeu – mediado por empresas norte-americanas – não progrediram significativamente, esbarrando na oposição firme de líderes europeus como Ursula von der Leyen, que alertou para o "erro histórico que seria reabrir a torneira do gás russo".

Implicações estratégicas deste eixo energético:

  1. Segurança energética chinesa: Garante acesso estável a recursos estratégicos com potencial desconto geopolítico;
  2. Pressão financeira na Rússia: A perda do mercado europeu forçou Moscou a aceitar preços potencialmente mais baixos na China;
  3. Reconfiguração geopolítica: Consolida uma aliança económico-estratégica que desafia a influência ocidental.

Embora a China não substitua totalmente o volume de exportações que a Rússia mantinha com a Europa, o acordo mitiga impactos económicos imediatos e oferece à Rússia um parceiro alternativo num contexto de sanções ocidentais e isolamento progressivo.

Com informações de: Commission.europa.eu, Valor Econômico, CNN Brasil, EU News, Reuters, Poder360. ■