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Brasil lidera ofensiva diplomática contra tarifas e amplia parcerias
Em resposta ao tarifaço americano, governo articula frente internacional na OMC com 40 países e acelera negociação de acordo comercial com o México para mitigar impactos econômicos
Internacional
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■   Bernardo Cahue, 23/07/2025

Às vésperas da entrada em vigor das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros impostas por Donald Trump, o governo Lula desencadeou uma estratégia diplomática multilateral para conter a guerra comercial. O ponto alto foi o discurso do embaixador Philip Fox-Drummond Gough no Conselho Geral da Organização Mundial do Comércio, onde denunciou o uso político das tarifas como ferramenta de interferência em assuntos internos de nações soberanas. O posicionamento brasileiro recebeu endosso imediato de 40 países, incluindo potências como China, Rússia, Canadá e toda a União Europeia.

O representante brasileiro alertou que medidas unilaterais como as adotadas pelos Estados Unidos representam um atalho perigoso para a instabilidade global, capazes de desestruturar cadeias produtivas e lançar a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação. A crítica, embora não nomeasse diretamente os EUA, foi interpretada como resposta direta à sobretaxa que entra em vigor em 1º de agosto, anunciada por Trump após o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Paralelamente à ofensiva na OMC, o presidente Lula realizou conversa telefônica com a presidente do México, Claudia Sheinbaum, país também atingido por tarifas trumpistas de 30%. Do diálogo resultou a decisão de enviar o vice-presidente Geraldo Alckmin à Cidade do México entre 27 e 28 de agosto, acompanhado de ministros e uma comitiva empresarial. O objetivo imediato é ampliar o acordo comercial bilateral como alternativa aos mercados afetados pelas medidas protecionistas americanas.

Os setores prioritários nas negociações com os mexicanos incluem:

  • Indústria farmacêutica e equipamentos médicos
  • Cadeias do agronegócio e biocombustíveis (etanol e biodiesel)
  • Cooperação aeroespacial e de defesa
  • Projetos conjuntos em educação e inovação tecnológica

A articulação brasileira ocorre em múltiplas frentes. Enquanto na OMC o Itamaraty coordena a pressão coletiva, nos bastidores mantém canais informais com representantes do governo americano e empresários dos EUA. A avaliação de diplomatas é que essas conversas discretas, intensificadas nos últimos dias, podem ser mais efetivas que os encontros formais diante da resistência inicial da administração Trump em responder às cartas oficiais enviadas por Brasília.

Estudos da Confederação Nacional da Indústria projetam que o tarifaço poderá causar:

  • Redução de R$ 52 bilhões nas exportações brasileiras
  • Queda de 0,16% no PIB nacional
  • Perda de aproximadamente 110 mil postos de trabalho

Especialistas do Centro Brasileiro de Relações Internacionais recomendam que o Brasil evite políticas de "olho por olho" e priorize a diversificação comercial, aprofundando relações com Europa e Ásia. O governo mantém como opção recorrer ao mecanismo de solução de controvérsias da OMC ou aplicar a Lei da Reciprocidade Econômica caso as negociações fracassem, embora empresários tenham alertado sobre os riscos de medidas retaliatórias.

O desfecho desta crise comercial permanece incerto, mas a resposta brasileira já estabeleceu um novo paradigma na política externa: a combinação de firmeza institucional nos fóruns multilaterais com agilidade na formação de novas parcerias estratégicas. A visita de Alckmin ao México representa o primeiro movimento concreto na construção de alternativas ao comércio com os Estados Unidos, enquanto o apoio maciço na OMC demonstra o isolamento internacional da política econômica trumpista.

Com informações de G1, CNN Brasil, O Globo, Veja, Agência Brasil, Jornal de Brasília, UOL e Revista Fórum.