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O mundo contra Trump
Reações globais às tarifas e interferências do governo norte-americano, enquanto enfrenta internamente pressões sobre desequilíbrios sociais já expostos e pedidos de impeachment presidencial no Congresso
Internacional
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■   Bernardo Cahue, 12/07/2025
A política externa agressiva do presidente Donald Trump desencadeou uma onda de condenações internacionais sem precedentes, com o Brasil no epicentro da crise após o anúncio de tarifas de 50% sobre suas exportações aos EUA, válidas a partir de 1º de agosto. A medida, formalizada em carta a Luiz Inácio Lula da Silva, vinculou explicitamente as sanções econômicas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal, classificado por Trump como "caça às bruxas" e "vergonha internacional". A justificativa, considerada espúria por analistas, ignorou o superávit comercial de US$ 7,4 bilhões dos EUA com o Brasil em 2024 e expôs uma estratégia de coerção para interferir no sistema judiciário brasileiro.

A reação imediata do governo Lula foi a defesa intransigente da soberania nacional. O presidente anunciou a aplicação da Lei da Reciprocidade Econômica, que prevê retaliações equivalentes, e acusou Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente e atualmente nos EUA, de atuar como agente de pressão para incitar as tarifas. Lula enfatizou que as instituições brasileiras não aceitam tutela externa, posição respaldada por uma campanha digital do PT sob a hashtag #DefendaOBrasil. Em contrapartida, o Partido Liberal (PL) atribuiu a crise ao alinhamento do governo com os BRICS, usando a hashtag #ACulpaÉDoLula.

A China emergiu como crítico veemente da medida, com o Ministério das Relações Exteriores declarando que as tarifas configuram "instrumento de coerção" para interferir em assuntos internos. A porta-voz Mao Ning reafirmou os princípios da Carta da ONU sobre igualdade soberana e não intervenção, sinalizando apoio implícito ao Brasil dias após a cúpula dos BRICS no Rio de Janeiro. O jornal estatal China Daily destacou Lula como figura central na resistência ao unilateralismo norte-americano, embora sem menção a um suposto recuo de Trump.

Na Europa, o presidente francês Emmanuel Macron liderou a resposta coletiva da União Europeia às tarifas de 30% impostas simultaneamente ao bloco e ao México. Macron exigiu "contramedidas confiáveis" e a mobilização de instrumentos anticoercitivos, enquanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu "medidas necessárias para proteger os interesses europeus". A postura foi ecoada pelo jornal francês Le Monde, que qualificou as ações de Trump como "táticas de máfia" – descrição semelhante à usada pelo Estadão.

O cenário geopolítico revela um padrão de intimidação: em janeiro, Trump impôs tarifas de 25% à Colômbia após a recusa do presidente Gustavo Petro em aceitar deportados em condições degradantes, forçando sua capitulação. Agora, a escalada contra o Brasil ocorre no rastro da cúpula dos BRICS, que defendeu reformas na ONU e condenou protecionismo. O almirante Alvin Holsey, chefe do SOUTHCOM, já alertara que a América Latina é campo de batalha na "contenção da China", justificando a pressão sobre aliados regionais.

Enquanto isso, nos EUA, a sombra dos impeachments paira sobre Trump. O primeiro (2019) resultou de acusações de abuso de poder por pressionar a Ucrânia a investigar Joe Biden, enquanto o segundo (2021) seguiu-se ao ataque ao Capitólio. Ambos terminaram em absolvição no Senado, mas estabeleceram um histórico de conduta que a ex-secretária de Estado Hillary Clinton classificou como "chantagem e corrupção" – crítica retomada por líderes globais diante das atuais sanções.

Países que declararam oposição pública às tarifas de Trump e suas guerras comerciais:
  1. Brasil: Anunciou retaliações via Lei da Reciprocidade e acionará a OMC contra as tarifas de 50%.
  2. China: Condenou as tarifas como "coerção política" em defesa do multilateralismo.
  3. França: Lidera a retaliação da UE contra tarifas de 30%, com Macron exigindo "contramedidas proporcional".
  4. México: Alvo de tarifas de 30%, articula resposta conjunta com a UE.
  5. Japão: Classificou as tarifas de 25% como "lamentáveis", mas mantém negociações.
  6. Coreia do Sul: Acelerou diálogo com Washington para evitar tarifas de 25%.
  7. África do Sul: Rejeitou as "tergiversações" de Trump sobre relações comerciais.
  8. Tailândia: Apresentou proposta comercial para reverter tarifas de 36%.
  9. Bangladesh: Alertou sobre perda de competitividade com tarifas de 35%.
  10. Malásia: Convocou reunião de gabinete para responder aos 25% de taxas.
Esta frente ampla de resistência, que inclui aliados tradicionais dos EUA, evidencia o isolamento da política trumpista. À medida que governos recorrem à OMC e formam coalizões antitarifas, a retórica de "America First" transforma-se em "America Alone" – com consequências imprevisíveis para a economia global.

Com informações de WSWS, Infomoney, CNN, Plantão Brasil, R7, Estadão, Le Monde, BBC e LA Times. ■