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Circula nas redes sociais um vídeo que usa inteligência artificial para afirmar falsamente que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai acabar com o programa Bolsa Família. A publicação, que já teve milhares de visualizações, é mais um exemplo do uso de deepfakes para espalhar desinformação no Brasil.
O material enganoso, publicado no dia 9 de dezembro no X (antigo Twitter), mostra um trecho de um programa da CNN Brasil exibido em abril. Sobre as imagens, aparece a frase "Fim do Bolsa Família pelo governo Lula. Bolsa Família vai chegar ao fim"[reference:0]. A legenda do post questiona se o programa "deve ser apenas temporário" e sugere que "o pobre não deve permanecer pobre para o resto da vida"[reference:1].
Na realidade, o vídeo original é uma conversa entre os jornalistas Márcio Gomes e Jussara Soares sobre uma mudança na regra de transição do programa, que reduz de 24 para 12 meses o prazo de desligamento para famílias que superam a renda mínima[reference:2]. Em momento algum é anunciado o fim do Bolsa Família.
Os veículos de fact-checking G1 e Reuters já verificaram e classificaram a informação como falsa. O projeto Fato ou Fake do G1 afirma que a publicação "tira de contexto o conteúdo verdadeiro" e que o decreto mencionado previa apenas alterações para evitar fraudes e restringir o acesso a famílias de uma única pessoa[reference:3]. A Reuters também destaca que o governo não anunciou o encerramento do programa[reference:4].
O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), pasta responsável pelo Bolsa Família, foi categórico ao desmentir a alegação. Em nota enviada à Reuters, afirmou que "não há nenhuma ação" para finalizar o programa e que o calendário de pagamentos de 2026 será divulgado em breve[reference:5]. Ao G1, o ministério reforçou que "não há qualquer determinação do Governo Federal para realizar cortes extraordinários, reduzir o número de beneficiários ou encerrar o programa"[reference:6].
O caso não é isolado. Técnicas de deepfake – que usam IA para manipular vídeos e áudios – têm sido empregadas com frequência para criar conteúdos falsos envolvendo autoridades. Exemplos recentes incluem:
A AGU tem atuado para retirar esse material das plataformas, argumentando que ele viola o direito à informação e caracteriza "abuso de direito"[reference:10].
Autoridades e especialistas veem com preocupação o avanço da desinformação impulsionada por IA, especialmente em um ano eleitoral como 2026. O procurador-geral Jorge Messias alertou que nem o Brasil nem outros países estão preparados para o caos causado pela tecnologia, que chamou de "distópica e não regulamentada"[reference:11].
Diante desse cenário, a recomendação é sempre verificar a fonte de informações sensacionais, checar a data do conteúdo e consultar veículos de fact-checking antes de compartilhar.
Com informações de G1, Reuters, Murray Advogados■