Um vídeo chocante publicado na plataforma TikTok por um cidadão português está gerando indignação e alerta para casos de xenofobia contra brasileiros em Portugal. No conteúdo, o homem oferece 500 euros por "cabeça de brasileiro", em referência explícita a decapitações, acompanhada de termos pejorativos como "zucas" para se referir aos imigrantes do Brasil.

O autor do vídeo, identificado como João Oliveira, brandia uma nota de 500 euros enquanto incitava violência contra a comunidade brasileira, afirmando: "Cada português que trouxer a cabeça de um brasileiro, desses zucas que vivem aqui em Portugal, estejam legais ou ilegais, cada cabeça que trouxer cortada rente ao pescoço, eu pago 500 euros".

O caso foi amplamente repudiado por entidades de direitos humanos, associações de imigrantes e autoridades:

• A Embaixada do Brasil em Lisboa solicitou investigação criminal à polícia portuguesa e a retirada do conteúdo das redes sociais;
• Um grupo de 39 advogados apresentou uma queixa-crime ao Ministério Público de Portugal, classificando o vídeo como "incitação ao homicídio, apologia ao crime e terrorismo";
• A Casa do Brasil de Lisboa emitiu nota de repúdio, destacando que este é um dos casos mais graves de xenofobia registrados no país.

João Oliveira foi demitido da Padaria Variante, em Aveiro, onde trabalhava. O estabelecimento publicou uma nota reforçando que "não aceita nem compactua com qualquer forma de racismo" e destacou que sua equipe é formada por profissionais de diversas nacionalidades.

Este incidente ocorre em um contexto de crescimento alarmante de crimes de ódio e xenofobia em Portugal:

• Queixas de xenofobia contra brasileiros aumentaram 142% nos últimos anos;
• Crimes de ódio no país quintuplicaram entre 2019 e 2024, passando de 63 para 327 casos;
• Brasileiros são o maior grupo imigrante em Portugal, com estimativa de 700 mil residentes.

Especialistas e ativistas atribuem parte desse cenário ao discurso anti-imigração alimentado por partidos de extrema direita, como o Chega!, que ganhou espaço no Parlamento português. Ana Paula Costa, presidente da Casa do Brasil de Lisboa, afirmou que o vídeo "é a expressão mais perversa, violenta e criminosa do racismo e xenofobia em Portugal".

Além das investigações criminais, associações e defensores de direitos humanos pressionam por mudanças na legislação portuguesa, que atualmente não classifica o racismo como crime – ao contrário do Brasil, onde é inafiançável e prevê pena de prisão.

Com informações de: G1, Folha de S.Paulo, Estadão, Público, Esquerda.net, Forbes Portugal, Expresso, UOL. ■