Trump demite diretora do Fed em crise institucional inédita; medida testa independência do banco central americano e gera impasse legal com Lisa Cook, que se recusa a sair
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou em 25 de agosto de 2025 a demissão imediata de Lisa Cook, membro do Conselho de Governadores do Federal Reserve (Fed), em uma ação sem precedentes na história do banco central americano. A justificativa apresentada foi alegações de "fraude hipotecária" relacionadas a documentos de empréstimos imobiliários assinados por Cook em 2021, antes de sua nomeação para o Fed.
Em resposta, Cook declarou que não renunciará ao cargo, classificando a demissão como "ilegal" e sem base jurÃdica. Seu advogado, Abbe Lowell, afirmou que tomará "todas as medidas necessárias para impedir a tentativa de ação ilegal". O impasse levanta questões crÃticas sobre a independência do Fed e os limites do poder presidencial.
Contexto e alegações:
- Trump citou uma denúncia do diretor da Agência Federal de Financiamento Habitacional (FHFA), William Pulte, aliado do presidente, que acusou Cook de declarar duas propriedades (em Michigan e Geórgia) como residência principal em documentos hipotecários.
- Na carta de demissão, Trump afirmou que a conduta de Cook "demonstra negligência grave em transações financeiras" e compromete sua integridade como reguladora.
- Cook defendeu-se alegando que as acusações referem-se a empréstimos de 2021, quando era acadêmica, e que os documentos estavam públicos durante sua confirmação no Senado em 2022.
Implicações jurÃdicas e polÃticas:
- A Lei do Federal Reserve de 1913 permite a remoção de membros do conselho por "justa causa", um conceito nunca testado judicialmente para demissões presidenciais no Fed. Especialistas argumentam que Trump precisará comprovar má conduta grave em tribunal.
- A demissão é vista como parte de um esforço mais amplo de Trump para influenciar a polÃtica monetária, após crÃticas repetidas ao presidente do Fed, Jerome Powell, por não cortar taxas de juros agressivamente.
- Se confirmada, a saÃda de Cook daria a Trump uma maioria no conselho de sete membros, permitindo-lhe nomear um substituto alinhado com sua agenda de cortes de juros.
Reações e impactos de mercado:
- Senadores democratas, como Elizabeth Warren, classificaram a ação como "uma tomada de poder autoritária".
- O dólar americano enfraqueceu nos mercados asiáticos em 26 de agosto, refletindo expectativas de que um substituto de Cook poderia pressionar por cortes de juros mais rápidos.
- Analistas alertam que o impasse pode prejudicar a percepção de independência do Fed, afetando a credibilidade da polÃtica monetária americana.
O caso deve se prolongar nos tribunais, chegando potencialmente à Suprema Corte. Cook permanece no cargo enquanto não houver uma decisão judicial definitiva, mantendo incertezas sobre o futuro da liderança do Fed e sua polÃtica de taxas de juros.
Com informações de: BBC, G1, SwissInfo, InfoMoney, UOL, Jovem Pan, CNN Brasil
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