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Dólar fecha em queda após anúncio de demissão da diretora do Fed
Trump demite diretora do Fed em crise institucional inédita; medida testa independência do banco central americano e gera impasse legal com Lisa Cook, que se recusa a sair
Economia
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■   Bernardo Cahue, 26/08/2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou em 25 de agosto de 2025 a demissão imediata de Lisa Cook, membro do Conselho de Governadores do Federal Reserve (Fed), em uma ação sem precedentes na história do banco central americano. A justificativa apresentada foi alegações de "fraude hipotecária" relacionadas a documentos de empréstimos imobiliários assinados por Cook em 2021, antes de sua nomeação para o Fed.

Em resposta, Cook declarou que não renunciará ao cargo, classificando a demissão como "ilegal" e sem base jurídica. Seu advogado, Abbe Lowell, afirmou que tomará "todas as medidas necessárias para impedir a tentativa de ação ilegal". O impasse levanta questões críticas sobre a independência do Fed e os limites do poder presidencial.

Contexto e alegações:

  • Trump citou uma denúncia do diretor da Agência Federal de Financiamento Habitacional (FHFA), William Pulte, aliado do presidente, que acusou Cook de declarar duas propriedades (em Michigan e Geórgia) como residência principal em documentos hipotecários.
  • Na carta de demissão, Trump afirmou que a conduta de Cook "demonstra negligência grave em transações financeiras" e compromete sua integridade como reguladora.
  • Cook defendeu-se alegando que as acusações referem-se a empréstimos de 2021, quando era acadêmica, e que os documentos estavam públicos durante sua confirmação no Senado em 2022.

Implicações jurídicas e políticas:

  • A Lei do Federal Reserve de 1913 permite a remoção de membros do conselho por "justa causa", um conceito nunca testado judicialmente para demissões presidenciais no Fed. Especialistas argumentam que Trump precisará comprovar má conduta grave em tribunal.
  • A demissão é vista como parte de um esforço mais amplo de Trump para influenciar a política monetária, após críticas repetidas ao presidente do Fed, Jerome Powell, por não cortar taxas de juros agressivamente.
  • Se confirmada, a saída de Cook daria a Trump uma maioria no conselho de sete membros, permitindo-lhe nomear um substituto alinhado com sua agenda de cortes de juros.

Reações e impactos de mercado:

  • Senadores democratas, como Elizabeth Warren, classificaram a ação como "uma tomada de poder autoritária".
  • O dólar americano enfraqueceu nos mercados asiáticos em 26 de agosto, refletindo expectativas de que um substituto de Cook poderia pressionar por cortes de juros mais rápidos.
  • Analistas alertam que o impasse pode prejudicar a percepção de independência do Fed, afetando a credibilidade da política monetária americana.

O caso deve se prolongar nos tribunais, chegando potencialmente à Suprema Corte. Cook permanece no cargo enquanto não houver uma decisão judicial definitiva, mantendo incertezas sobre o futuro da liderança do Fed e sua política de taxas de juros.

Com informações de: BBC, G1, SwissInfo, InfoMoney, UOL, Jovem Pan, CNN Brasil